Na “Grande Entrevista”, conduzida por Vítor Gonçalves e transmitida na RTP3, Rio lembrou que as estruturas locais tinham defendido que o PSD não deveria apresentar lista nenhuma e apoiar o atual presidente e antigo militante do PSD, Isaltino Morais, decisão agora contrariada pela Comissão Permanente do partido.

“Decidimos que o PSD não poderia deixar de apresentar, pela primeira vez, um candidato no décimo maior concelho em termos populacionais e que, em termos económicos, está seguramente acima do décimo”, justificou.

Quanto à escolha do deputado de 28 anos, munícipe de Oeiras, e líder da JSD, Rio explicou-a como uma aposta “de futuro” numa eleição em que o partido tem de ter “uma presença honrosa”.

“A última coisa que sou é hipócrita: ganhar Oeiras a Isaltino Morais não é uma impossibilidade, mas é muito difícil (…) Vamos competir num patamar diferente, vamos dar uma solução de futuro a Oeiras”, afirmou.

Na entrevista, Rio foi desafiado a justificar algumas escolhas autárquicas do partido, como a de Suzana Garcia para a Amadora, tendo admitindo que nunca falou até hoje com a candidata, mas disse não achar que tenha “um discurso próxima do Chega”.

“Uma coisa é o estilo, o que interessa aqui é o pensamento. Quando o primeiro-ministro diz que escolhi a senhora do Chega, sabe que está a mentir: a dra. Suzana Garcia foi convidada pelo Chega e ambas as vezes disse que não e quando foi convidada pelo PSD disse que sim”, afirmou.

Apesar de não concordar que a advogada tenha um discurso próximo do Chega, Rio reconheceu que a expressão que utilizou para se referir a adversários políticos, “exterminar”, seja “uma palavra brutal”, ligada ao Holocausto, e que nunca usaria.

“Acha que alguém no século XXI em Portugal está a pensar uma coisa dessas? Não foi a melhor palavra, mas o que ela queria dizer é que quer que o Chega e o BE tenham uma derrota de tal ordem que desapareçam da cena política”, disse, acrescentando que os artigos que leu da candidata são “muito bem escritos e mostram uma bagagem cultural muito boa”.

Outro exemplo foi o de António Oliveira, candidato do PSD à Câmara Municipal de Gaia. Confrontado com a posição de acionista do FC Porto, Rui Rio disse ter a garantia pessoal do antigo jogador e selecionador de que "aquelas ações estão repousadas".

"São ações que são um investimento financeiro que ele não utiliza para controlo da empresa, não vai sequer à Assembleia Geral e garanto-lhe que assim continuará a ser, tal como é desde 2006. Uma não-ligação ao futebol", explicou.

Rio voltou a defender que “cada município tem as suas características” e repetiu que o seu lugar estará em jogo nas próximas autárquicas.

“Quando há eleições, o lugar do presidente do partido está sempre em jogo (…) nesta se calhar está um pouco mais, porque sou eu que estou a assumir a responsabilidade”, afirmou.

Sem querer estabelecer uma fasquia sobre o número de câmaras a ganhar pelo PSD que pode ser considerado um bom resultado, o líder do PSD deixou um ‘recado’ aos adversários.

“As pessoas que não estejam muito atrapalhadas, podem ter a certeza de que vou ser exigente comigo”, assegurou.

Questionado se, como defendeu recentemente António Costa, se está a aproximar mais da direita, Rio foi categórico: “Não, não e não. Três vezes não”.

“A única coisa que poderei ter feito para dizerem isso é o facto de, com a autonomia que lhes cabe nos Açores terem aceite fazer um Governo regional que no parlamento regional é sustentado por dois votos do Chega, e eu estar de acordo, acho que não tem problema nenhum”, disse.

Sobre a sua participação, pela primeira vez, na convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL) no final de maio, o líder do PSD assegurou que antes de aceitar o convite perguntou quem estaria presente.

“Vai muita gente ligada ao PS. Se não fosse muita gente ligada ao PS eu não ia (…) Se fosse uma coisa tão à direita em que o mais à esquerda era eu, então não ia”, afirmou.