“Ao longo dos anos, Lisboa tem sido descaracterizada. Não há visão, não há rasgo, não há empatia e não há compromisso. Medina, o PS falha. O Bloco de Esquerda falha. Faz falta o PAN”, afirmou a candidata Manuela Gonzaga, na apresentação da sua candidatura à Câmara Municipal da capital, que decorreu na Alameda Universitária, com a presença da porta-voz do partido, Inês de Sousa Real, que é também mandatária.

Filiada no PAN desde 2012, a cabeça de lista do partido à Câmara de Lisboa traçou como objetivo para as próximas eleições autárquicas conseguir que o partido integre, pela primeira vez, o executivo municipal.

“O PAN precisa de alcançar lugares que nos permitam transformar Lisboa numa capital assumidamente ancorada na ecologia, onde as pessoas, os animais e a natureza sejam reconhecidos pela sua dignidade intrínseca e onde a política se faça de forma transversal e interligada nas diferentes áreas”, declarou a escritora e historiadora Manuela Gonzaga, de 70 anos, defendendo uma cidade “de todos e para todos”.

Para a candidata do PAN, a solução para os problemas da cidade de Lisboa está na gestão da própria Câmara, "uma gestão na qual Fernando Medina [PS], e os anteriores executivos, têm ficado muito aquém”, nomeadamente pela falta de planeamento urbanístico, pela pressão turística desenfreada e pelo excesso de tráfego automóvel, aéreo e marítimo.

“Lisboa clama por uma mudança e o PAN está cá para a implementar”, reforçou Manuela Gonzaga.

Em defesa das causas humana, ambiental e animal, a candidatura do PAN à Câmara de Lisboa apresenta como principais temas do programa eleitoral o combate à pobreza, a inclusão e igualdade, a habitação condigna e acessível, a segurança no espaço público, a educação, a saúde, os transportes públicos, o bem-estar dos animais e a proteção do arvoredo.

“Acima de tudo, queremos uma cidade preparada para lidar com as alterações e com a crise climática que já nos afeta também. Como? Diminuindo a nossa pegada ecológica e carbónica”, apontou Manuela Gonzaga, referindo que o automóvel tem de deixar de ser “o rei de uma coutada perigosa”.

“Lisboa dos carros e dos acidentes deve transitar para os mesmos limites de velocidade impostos em grande parte das cidades europeias: 30 quilómetros por hora. Está a ser feito, é verdade, mas com pouca audácia e planeamento”, indicou.

Outras das propostas do PAN são garantir uma alimentação escolar saudável e que haja sempre uma opção vegetariana, que a rede de transportes públicos seja inclusiva e funcione sem colapsos e sem bloqueios, para “uma cidade onde os autarcas se juntem aos demais e façam uso dos transportes públicos, da bicicleta, dos percursos pedonais”, e que o parque florestal de Monsanto e os demais espaços verdes, como a Tapada da Ajuda, “sejam verdadeiramente protegidos e representem um verdadeiro santuário para a biodiversidade que acolhem”.

“Neste sonho de uma Lisboa igualitária, paritária, diversa, numa Lisboa que resiste, deixo o apelo claro: confiem na nossa candidatura”, concluiu.

Manuela Gonzaga quer combater pobreza e investir na habitação

A candidata do PAN à presidência da Câmara de Lisboa, Manuela Gonzaga, pretende combater a pobreza, inclusive a “situação de catástrofe” provocada pela pandemia, apoiar a cultura e investir na habitação, nos transportes e na proteção animal e ambiental.

“Acabei por aceitar este desafio, porque acho que, quando combatemos pelas causas, temos também de dar o corpo às balas”, afirma Manuela Gonzaga, em declarações à agência Lusa.

Encarando a candidatura como “uma obrigação cívica”, a escritora, historiadora e ex-jornalista entra na corrida às eleições autárquicas, que por lei têm de ser agendadas para entre setembro e outubro, aponta como principal adversário a abstenção.

A cabeça de lista destaca o consenso partidário na defesa do ambiente e dos animais, mas rejeita a ideia de recuperação económica para voltar ao pré-pandemia de covid-19, porque, apesar de essa “situação de catástrofe” ter provocado “muita pobreza” em Lisboa, a resposta deve passar por “uma grande reformulação” da forma como se vive a cidade, com uma economia circular e mais inclusiva.

Se o PAN conseguir um lugar no executivo, “Lisboa terá de ser a capital europeia da cultura todos os anos”, indica.

A escritora quer ainda garantir o direito à habitação e a segurança e inclusão de todos os cidadãos na capital, independentemente da orientação sexual, da origem, da identidade de género, da idade e da religião.

Na política animal e ambiental, Manuela Gonzaga reitera as propostas já apresentadas em Lisboa, mas que “não tiveram acolhimento no executivo”, nomeadamente um hospital veterinário municipal e um regulamento para animais de companhia e outros, a defesa do arvoredo, a descarbonização da mobilidade e “mais e melhores transportes públicos”.

“A quantidade de doenças que estão a existir graças à forma como não tratamos do ambiente onde vivemos devia fazer-nos parar um bocadinho e pensar um bocadinho mais”, declarou, apelando à proteção dos valores naturais de Lisboa, com “duas grandes joias”: o rio Tejo e a floresta de Monsanto.

Além de Manuela Gonzaga, para a corrida à presidência da autarquia lisboeta, atualmente liderada por Fernando Medina (PS), foram até agora anunciadas as candidaturas de Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Beatriz Gomes Dias (BE) e Tiago Matos Gomes (Volt).

A Câmara de Lisboa é atualmente composta por oito eleitos pelo PS (incluindo dos Cidadãos por Lisboa e do Lisboa é muita gente), um do BE (que tem um acordo de governação do concelho com os socialistas), quatro do CDS-PP, dois do PSD e dois da CDU.