Em declarações à agência Lusa, junto ao Largo Vitorino Damásio e Jardim de Santos, o comissário do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP Dinarte Diniz referiu que as pessoas começaram a abandonar o local à hora exata e de forma ordeira.
“O balanço é manifestamente positivo, como verificamos aqui, não se vê praticamente ninguém. As pessoas começaram a dispersar logo após as 11 da noite e mesmo antes, não verificou qualquer ajuntamento em demasia”, anotou.
Com vários agentes do Cometlis destacados para a zona, Dinarte Diniz disse que “não foi necessário” condicionar o acesso as pessoas, alertando que as autoridades também estão “preocupadas” com outras áreas, conhecidas pela diversão noturna, na cidade de Lisboa.
“O policiamento tem de ser dinâmico, nunca pode ser estático, porque a variação de pessoas para aqui e para as zonas do Cais do Sodré e do Bairro Alto pode acontecer. É por isso que temos lá algum policiamento com alguma visibilidade. O foco dos problemas não acontece só aqui nesta zona”, observou.
Também o presidente da Junta de Freguesia da Estrela, que andava com uma brigada de prevenção no local, considerou à Lusa haver “um sentimento muito positivo”, face à medida piloto criada para controlar os ajuntamentos noturnos que têm sido habituais naquela zona ribeirinha.
“A expectativa que temos é que, a partir do momento que há desmobilização, as pessoas não podem consumir [álcool] na via pública. É ilegal. Isso será um grande dissuasor daqui, de terem esse tipo de consumos e de terem esse tipo de comportamento, que vimos nas redes sociais”, disse Luís Newton (PSD), recordando a noite de sexta-feira passada, que juntou milhares de pessoas em Santos.
Admitindo que as pessoas possam regressar àquela zona após a hora de encerramento dos estabelecimentos, o autarca alertou que até podem estar, mas sem “perturbar a ordem pública”, para que Santos “seja segura”.
Luís Newton, além de notar controlo, lembrou que todos empresários do Largo Vitorino Damásio e da envolvente do Jardim de Santos já haviam assinado a petição, divulgada na quarta-feira, após uma reunião de emergência.
“É claramente um sinal positivo – quererem contribuir – para dar sinal de que queremos diversão noturna, que queremos bem-estar. Agora, não queremos a violência que temos assistido nas últimas semanas, não queremos o perigo à segurança pública e queremos criar condições para que os agentes das forças de segurança, que tem feito um trabalho incansável, possam ter condições para a segurar a segurança de todos nós”, exaltou.
Por seu turno, apesar de denotarem alguma insegurança na zona, os jovens não concordam com o encerramento dos restaurantes e dos bares às 23:00, afirmando que “está na altura de as pessoas se libertarem” das medidas restritivas impostas devido à pandemia.
“Eu não acho que faça muito sentido [encerrarem às 23:00, porque pode propiciar outro tipo de ajuntamentos piores. Aqui houve ajuntamentos, porque não havia discotecas abertas, então o pessoal acabava por condensar aqui”, indicou Duarte Machado, de 19 anos.
De acordo com Duarte Machado, se os espaços de diversão noturna estivessem abertos, as pessoas ficaram mais dispersas.
Também Diogo Correia, de 20 anos, disse à Lusa que a “privação da liberdade”, em relação em sair à noite, com o encerramento das discotecas, terá levado a problemas maiores na zona de Santos, considerando que parte do problema passou por estudantes menores do ensino secundário.
“Com fecho das discotecas, levou a que houvesse muitos ajuntamentos, as pessoas estavam muito fechadas, o não envolvimento social das pessoas terá levado a isso”, realçou, adiantando que muitas das pessoas que estavam na área, nas últimas semanas, “eram menores, do secundário”.
Diogo Correia explicou que o que aconteceu em Santos é um reflexo do que foi acontecendo em outras zonas do país, durante o verão.
“O que aconteceu aqui aconteceu em outras zonas do país, como em Vila Nova de Mil Fontes e em Vilamoura, não só pelo mesmo grupo social, mas por causa da privação da liberdade. Acho que as pessoas deviam ter mais consciência, porque quando a liberdade de um começa, acaba a dos outros”, sustentou.
Considerando os ajuntamentos naturais, após as fases de confinamento, José Mendes, de 19 anos, considerou que o adiantamento do horário de encerramento dos bares e restaurantes não é a solução.
“Acho que fechar às 11 da noite não é a medida mais correta, a medida mais correta é a que vimos hoje, durante a tarde e a noite, que foi a presença da polícia, que deu logo outra segurança às pessoas e criou um espaço mais seguro para todos e não houve tantos ajuntamentos como costuma a haver”, ressalvou.
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