Em declarações à agência Lusa, o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP), António Tavares, avançou que se prevê que o projeto pioneiro de inovação social destinado a estudantes do ensino superior tenha um prazo de construção "no máximo de dois anos” e que o valor a pagar pelos quartos estudantis seja “amigo” dos alunos, a rondar os 250 euros/mês.

"Um preço que nós gostaríamos que não andasse muito longe dos 250 euros, que nos parece um preço competitivo. A nossa preocupação é também corrigir o mercado naquilo que o mercado tem de especulativo, que é normal, mas a nossa função é social, porque isto é um projeto de inovação social”, disse António Tavares, referindo que o projeto prevê também serviços como a “lavagem de roupas” e uma “praça da alimentação”.

O projeto de residências universitárias que vai nascer nas instalações da Universidade Lusíada, junto à Avenida Fernão Magalhães e “próximo da Asprela” e do “Metro” deve “estar de pé” no “espaço de dois anos no máximo”, e vai ser uma realidade no “ano letivo de 2021-2022”, assumiu António Tavares.

Questionado pela Lusa sobre qual será o mínimo de camas previstas para criar no “Bairro Académico”, António Tavares afirmou que será “sempre um número superior” a “mil camas”.

“Acho que é sempre possível colocarmos ali [mais de mil camas], porque os espaços são grandes”, assumiu aquele responsável pela SCMP, acrescentando que há já várias entidades “interessadas em financiar a operação”.

Com a “ajuda da Câmara Municipal do Porto”, a Santa Casa da Misericórdia e a Federação Académica do Porto (FAP) estão a “montar uma operação financeira” para que o projeto “não seja oneroso para nenhuma das partes”, referiu ainda António Tavares, na cerimónia de assinatura do protocolo, que decorreu no Colégio Barão de Nova Sintra (Porto), onde foram criadas recentemente 40 camas para estudantes do ensino superior.

António Tavares esclareceu ainda que o “Bairro Académico” está a ser pensado para que a Universidade Lusíada possa coexistir no meio daquele projeto inovador, mas afirma que se a Lusíada sair, o edifício será para remodelar e criar “respostas académicas”.

“Estamos a fazer um projeto de maneira a que a Universidade Lusíada possa ficar no meio [do Bairro Académico]. Se a Universidade Lusíada tiver de sair (…), nós vamos continuar. Podemos até remodelar um ou outro espaço e podemos criar ali uma zona também para dar respostas académicas, mantendo espaços para fazer congressos, iniciativas. Ficará sempre ali um ‘Bairro Académico’ a funcionar”.

Na mesma cerimónia, o presidente da FAP, João Pedro Videira fez questão de agradecer, de forma irónica, ao ministro da Educação e ao Governo por nada terem feito para haver mais camas no Porto, para além de anunciarem um plano nacional a dez anos.

“Aquilo que temos para dizer é: obrigada senhor ministro por nada fazer. O segundo agradecimento vai para o provedor da Santa Casa da Misericórdia, pelas razões opostas do primeiro agradecimento. Um obrigado por ter acredito em nós e na urgência de resolver o problema do alojamento estudantil” e disseram “presente quando foi a hora de construir e dar solução para dar casa aos nossos estudantes”.

A 9 de março, o presidente da FAP tinha avançado à Lusa a parceria com a SCMP para criar o projeto “Bairro Académico”, a primeira cooperativa de habitação da academia do Porto.