Esta quinta-feira tem lugar a primeira reunião do ano do BCE, depois de ter fechado 2022 no total com um conjunto de aumentos de 250 pontos base. Na última reunião em dezembro, o BCE avançou com uma subida de 50 pontos base, após dois aumentos consecutivos de 75 pontos base.
“É esperado um aumento de 50 pontos base, de acordo com o mercado monetário, devendo o BCE corroborar também uma alta de mais 50 pontos base na próxima reunião no dia 16 de março”, considera Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, em declarações à Lusa.
Na mesma linha, em declarações à Lusa, Filipe Garcia, presidente da IMF — Informação de Mercados Financeiros, acredita que “o BCE deverá subir em 50 pontos base [os juros], sinalizar que o trabalho não está feito e que, apesar de sinais positivos na evolução da inflação, também os há na economia, pelo que o aperto monetário deverá continuar ao longo do semestre”.
Franck Dixmier, diretor global de investimentos em obrigações da Allianz Global Investors (AllianzGI), que também espera uma subida de 50 pontos base, numa nota de ‘research’ espera “que a presidente do BCE continue a insistir na sua mensagem agressiva, enquanto permanecem muito moderadas as expetativas dos investidores sobre a taxa terminal”.
Por seu turno, Paulo Rosa dá nota de que “a significativa desaceleração” da inflação na zona euro em janeiro, “pode atenuar o tom ‘hawkish’ de Christine Lagarde (refrear um pouco a sua atual postura restritiva), sendo expectável, ainda neste primeiro semestre, que seja alcançada a taxa de juro terminal do banco central da zona euro, remetendo algum alívio para a segunda metade do ano”.
“A inflação subjacente na zona euro caiu 0,8% em cadeia e fixou-se nos 5,5% em termos homólogos, corroborando uma considerável melhoria dos receios inflacionistas, permitindo ao BCE moderar a sua política energicamente contracionista, desacelerando o ritmo de aumento das suas taxas de juro”, justifica.
Também o Goldman Sachs aponta, numa nota de ‘research’ para um ritmo constante de aumentos de 50 pontos base, considerando, contudo, que a taxa terminal “depende dos dados”.
Paulo Rosa destaca ainda que o BCE irá começar a reduzir o balanço no próximo mês de março e ascenderá, em média, a 15 mil milhões de euros por mês até ao final do segundo trimestre de 2023.
“A evolução da inflação e do crescimento económico determinará o ritmo a partir dessa data. A desaceleração da inflação em janeiro na zona euro não é suficiente para refrear a atual dimensão de redução do balanço, mas a ameaça de uma eventual recessão à medida que os juros sobem poderá condicionar o ‘quantitative tightening’ do BCE na segunda metade do ano”, explica.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito estão, atualmente, em 2,50%, 2,75% e 2%.
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