“O Governo neste momento não faz absolutamente nada: nem resolve os seus problemas internos e institucionais, nem é capaz de responder à vida das pessoas, e eu acho que esse é o maior problema do país”, afirmou Catarina Martins em declarações aos jornalistas no bairro do Casal do Gil, em Lisboa, onde os moradores estão a receber ordens de despejo.
A líder do Bloco de Esquerda (BE) defendeu que o “Governo continua descredibilizado, não só pelos vários escândalos em vários ministérios, mas também pela incapacidade de ter resposta política em áreas tão importantes”.
“Eu lembro que está o ano letivo a acabar, ainda não há nenhuma solução para os professores. O próximo ano letivo promete não ter alunos suficientes para os alunos, porque os professores estão a reformar-se e estão a sair da escola pública, porque estão zangados – e com razões – e não há nenhuma solução”, disse.
Catarina Martins também referiu que o ano judicial está “sucessivamente parado e atrasado porque não há nenhuma solução para os oficiais da justiça”, acrescentando que tanto as questões da habitação como da saúde “estão cada vez piores”.
Numa alusão à tensão entre o primeiro-ministro e o Presidente da República sobre o ministro das Infraestruturas, João Galamba, Catarina Martins lamentou que, na semana passada, não “se tivesse resolvido qualquer problema, nem do país, nem do Governo”.
Sobre o caso concreto de João Galamba, a líder do BE considerou que o governante tem “dois problemas”, começando por destacar a sua “falta de credibilidade”.
“Um ministro, quando não tem credibilidade, perde legitimidade democrática e perde interlocução com os setores com que tem que ter interlocução para resolver os problemas do país. Esse é um problema grave”, destacou.
Por outro lado, Catarina Martins considerou que o ministro das Infraestruturas tem também um problema de “falta de respostas concretas nas áreas” em que tutela.
“Vejam bem: desde a CP à TAP, ao aeroporto, continuamos com inúmeros problemas e ninguém conhece uma ideia do ministro João Galamba sobre qualquer um desses problemas”, sublinhou.
Questionada se considera que Marcelo Rebelo de Sousa não tem “mão sobre o Governo”, Catarina Martins considerou que o Presidente da República “está numa situação complicada desde que decidiu dar a mão a António Costa”, num “número criado para haver eleições antecipadas e dar uma maioria absoluta ao PS”.
“Eu acho que há muita gente no país arrependida desta maioria absoluta. Seguramente o Presidente da República é um deles”, disse.
Interrogada se considera que, caso houvesse eleições, o PS ganharia com maioria absoluta, a coordenadora do BE respondeu que não se ganha nada “em estar todos os dias a falar de uma situação que só depende do próprio do Governo e do Presidente da República”.
“Ganhávamos sim em colocar problemas concretos em cima da mesa. Nada ajuda mais um Governo que é incapaz de responder ao país do que, no país, falar-se de tudo menos do que é preciso resolver”, sustentou.
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