Em declarações aos jornalistas no parlamento, o líder parlamentar do BE defendeu que o país “assistiu hoje a imagens aviltantes, revoltantes, indecorosas”, referindo-se às imagens de uma operação policial no Martim Moniz, em que se veem “dezenas de pessoas encostadas à parede por simplesmente serem imigrantes”.
“Isto é inaceitável, não se coaduna com os princípios do Estado de Direito democrático. (…) Tratou-se meramente de um número de propaganda de extrema-direita, promovida pelo Governo e o mais grave é que o Governo não esconde que instrui as forças de segurança para perseguir imigrantes”, disse.
Fabian Figueiredo acusou o Governo de ter “embarcado numa campanha de perseguição aos imigrantes” e de estar a “instrumentalizar as forças de segurança para fazer campanha eleitoral, para disputar apoio eleitoral à extrema-direita”.
“Não assistiremos impávidos e serenos a esta escalada que o Governo está a promover e, por assim ser, daremos entrada daqui a poucos minutos de um requerimento para ouvir a ministra da Administração Interna e o diretor-nacional da PSP”, anunciou.
O líder parlamentar do BE disse que o partido quer saber “se estas operações policiais vão continuar ou finalmente parar” e se a atuação da política se vai “conjugar com os princípios da segurança e da tranquilidade público” ou se o Governo a vai continuar “a usar para andar à caça da perceção”.
Por sua vez, o deputado do PCP António Filipe também anunciou um requerimento para ouvir a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, “tendo em conta a forma que revestiu a operação policial” no Martim Moniz.
“Foi anunciado que o objetivo era contribuir para aumentar a segurança dos cidadãos e dar cumprimento a seis mandados judiciais. As imagens que chegaram dessa operação policial suscitam dúvidas quanto à sua adequação e proporcionalidade, sobretudo quando se diz que o objetivo é aumentar a segurança dos cidadãos”, disse.
Para o deputado do PCP, “fica-se com a sensação de que elas poderão também contribuir para criar algum alarme social que pode não se justificar”.
“Requeremos a audição da ministra da Administração Interna para esclarecer a Assembleia da República sobre os reais objetivos daquela operação, a forma como ela decorreu e se considera que decorreu de forma adequada e proporcional tendo em conta os objetivos que visava”, disse.
Já o Livre, pela voz de Rui Tavares, defendeu que “é muito importante que as autoridades policiais e a sua tutela política” esclareçam se estas operações têm “uma real razão de existir do ponto de vista da segurança ou se elas existem apenas para responder mediaticamente à extrema-direita”.
“Se for assim temos a autoridade do estado muito mal entregue”, criticou.
Para o deputado do Livre, “hoje é um dia em que a agenda do Governo e do PSD foi completamente determinada pela extrema-direita”, o que considerou que aconteceu “dentro e fora do parlamento”.
“Dentro do parlamento com o acompanhamento do debate sobre perceções em termos de saúde, fora do parlamento com uma operação policial que é suspeite primeiro, detenha primeiro, encoste à parede primeiro e depois veja se a pessoa efetivamente é suspeita de alguma coisa ou cometeu algum crime”, criticou.
De acordo com Rui Tavares, estas coisas “acontecem por razões que são estranhas aos direitos das pessoas, à segurança, à administração interna, acontece por razões noticiosas, mediáticas, de marcação de agenda política”.
Sobre o debate da saúde, o deputado do Livre apontou que o PSD acabou “a votar ao lado do Chega nas suas propostas prinicipais”.
“E, portanto, André Ventura passado estes anos todos acabou por ganhar a liderança do PSD”, condenou.
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