Em agosto, um grupo de livreiros revelou estar a criar uma associação representativa do setor, que lute pela defesa das livrarias independentes, num meio dominado por três grandes cadeias – Bertrand, FNAC e Grupo Sonae (Continente) – e pela Internet.
Em declarações, na altura, à Agência Lusa, os livreiros apontaram, como responsáveis pela crise que atravessam, o mercado imobiliário especulativo, os oligopólios estabelecidos e a inoperância da Lei do Preço Fixo, dando como exemplo “uma grande livraria” em Aveiro, que alegadamente não cumpria a lei, porque estava em campanha de feira do livro ininterruptamente desde abril.
Reagindo a esta notícia, a administração do Grupo BertrandCírculo assume – em comunicado enviado à Lusa - que aquela livraria lhe pertence, e demarca-se das acusações, afirmando que “cumpre escrupulosamente a LPLF [Lei do Preço Fixo do Livro] em todas as suas livrarias”.
Lembrando que a LPFL “apenas limita os descontos nos livros editados há menos de 18 meses, que não podem ser superiores a 10%, salvo num período anual de 25 dias em que o desconto máximo é e 20%”, o grupo editorial especifica que a Bertrand em Aveiro “oferece um desconto de 10% em cartão nos livros editados há menos de 18 meses e descontos de 20% a 50% em cartão nos livros editados há mais de 18 meses, pelo que cumpre rigorosamente a lei”.
Contudo, este é também um dos principais problemas apontados pelas livrarias independentes, que questionam “como se pode aceitar uma campanha com descontos entre 20% a 50%, quando este é um valor [de venda] inferior àquele que é o preço de compra por parte das livrarias independentes (que é em média de 30% a 35% de desconto sobre preço de capa do livro), afirmando que “não há uma lei da concorrência”.
A Bertrand destaca ainda que tem feito uma aposta na revitalização do comércio de rua, como fez em Aveiro, depois de ter sido forçada a sair do Fórum Aveiro, devido à “especulação imobiliária”.
A este propósito, sublinha que “enfrenta os mesmos desafios dos restantes livreiros, nomeadamente a especulação imobiliária”, e recorda que a Bertrand não é uma multinacional, mas um “livreiro especializado, português, com três séculos de história, que promove diariamente a diversidade editorial e os autores portugueses”.
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