Numa conferência de imprensa em Helsínquia, onde se avistou com o homólogo finlandês, Sauli Niinistö, e um dia após o fim da cimeira de líderes da NATO, que decorreu em Vilnius, capital da Lituânia, Biden disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, “já perdeu a guerra” na Ucrânia, que as tropas de Moscovo invadiram em 24 de fevereiro do ano passado.
O líder norte-americano espera que a contraofensiva da Ucrânia em curso leve a negociações com a Rússia, e manifestou a convicção de que a guerra não vai prolongar-se por anos.
“Espero, e é minha expectativa, que a Ucrânia faça progressos significativos na sua ofensiva que levem a um acordo negociado em algum momento”, declarou.
Joe Biden abordou também a crise interna no Kremlin, desde a rebelião do grupo Wagner, em 24 de junho, contra as chefias militares russas, enviando conselhos ao líder da empresa mercenária, entretanto amnistiado, ao abrigo de um acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
“Nem sabemos onde ele está (…) Se estivesse no lugar dele, a verdade é que teria cuidado com o que comer. Estaria sempre de olho no meu cardápio”, disse Biden, numa aparente alusão ao líder da oposição Alexei Nalvalny, que foi envenenado em 2020 com o agente nervoso Novichok e que se encontra preso.
Mercenários do Grupo Wagner, que desempenhou um papel crucial na ofensiva russa no leste da Ucrânia, realizaram uma rebelião armada em 24 de junho na qual tomaram uma importante base em Rostov, no sul da Rússia, seguindo para Moscovo com o objetivo de depor as chefias militares.
As colunas amotinadas só foram paradas quando se encontravam a pouco mais de duas centenas de quilómetros da capital, com a iniciativa de Lukashenko.
Nas suas declarações, o líder norte-americano desvalorizou o risco do uso de armas nucleares pelo Presidente russo, após novas ameaças de Moscovo ligadas à possível entrega de F-16 ocidentais à Ucrânia, depois do anúncio do envio de munições de fragmentação.
“Não acredito que haja uma perspetiva real (…) de Putin usar armas nucleares. Não apenas o Ocidente, mas também a China e o resto do mundo disseram ‘não vão por aí”, disse Biden.
Após a cimeira de Vilnius, que se saldou num reforço do apoio à Ucrânia e avanços vagos no processo de adesão de Kiev à NATO, Biden observou que os estados-membros mostraram ao mundo que a aliança militar emergiu “mais unida do que nunca” esta semana.
Os aliados “entendem que esta luta não é apenas uma luta pelo futuro da Ucrânia”, disse Biden, observando que se trata também de soberania, segurança e liberdade em toda a Europa de Leste e no mundo, apesar de a ambição da Ucrânia de um caminho explícito para a adesão à NATO permaneça indefinida até estarem reunidas condições necessárias.
“A questão não é se devem ou não aderir à NATO, [mas] quando podem aderir, e irão aderir à NATO”, afirmou o chefe da Casa Branca, destacando que os acordos com outros países da Aliança apoiarão a segurança a longo prazo de Kiev, mesmo sem a sua entrada na organização.
Sobre se os Estados Unidos continuarão a ser um parceiro confiável da NATO, respondeu: “Eu garanto absolutamente. Não há dúvida (…) “Há apoio esmagador do povo americano, apoio esmagador de membros do Congresso, tanto da Câmara [de Representantes] quanto do Senado”.
Biden referiu-se também à situação de um jornalista do Wall Street Journal que está detido na Rússia há mais de 100 dias, depois de o Kremlin ter manifestado abertura para uma troca de prisioneiros que poderia envolver este profissional, mas ressalvou que as negociações devem ser mantidas fora dos olhos do público.
“Estou a falar a sério sobre uma troca de prisioneiros”, disse Biden. “E estou a falar sério sobre fazer tudo o que pudermos para libertar os americanos detidos ilegalmente na Rússia ou em qualquer outro lugar, e esse processo está em andamento”, assegurou.
Evan Gershkovich foi preso sob acusações de espionagem na cidade de Yekaterinburgo durante uma reportagem e encontra-se detido na prisão de Lefortovo, em Moscovo, conhecida pelas suas duras condições.
Gershkovich e um seu colaborador negam as acusações, e o Governo dos Estados declarou que ele foi detido injustamente, sobretudo depois de as autoridades judiciais não terem mostrado quaisquer provas que sustentem a acusação de espionagem, a primeira contra um jornalista norte-americano desde setembro de 1986.
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