Esta posição foi assumida por Pedro Filipe Soares em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República, depois de questionado se, em termos globais, considerava os membros do novo Governo mais conservadores do ponto de vista político.
“Mais que a dança individual, importa a música que coletivamente irão dançar quando estiverem em funções. Aguardamos para ver qual o disco que vai tocar”, respondeu.
No que respeita ao perfil dos membros do futuro Governo, Pedro Filipe Soares considerou que mais do que discutir nomes de pessoas se deverá discutir “conteúdos das políticas levadas a cabo”.
“Como diz o nosso povo, para sabermos a qualidade de um melão temos de o abrir. Um Governo conhece-se pela prática que adotará para responder às dificuldades do país”, sustentou.
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda caracterizou como “difícil” a atual conjuntura nacional e internacional, “depois de uma pandemia de covid-19 e com uma guerra a abalar os mercados internacionais”.
Estes acontecimentos “colocam à prova toda a política de resposta aos refugiados, a resposta de cada país para estancar o aumento da inflação”, o que se traduz “num momento de enorme desafio para o Governo”, observou.
Pedro Filipe Soares falou a seguir de respostas necessárias face aos aumentos dos preços dos combustíveis, da eletricidade e de bens essenciais, importando saber como o futuro Governo de irá colocar em termos de resposta.
“Sabemos que estes problemas, sendo novos, somam a um conjunto de problemas estruturais que já existem e que também precisam de ter resposta”, advertiu, dando como exemplos questões ao nível do Serviço Nacional de Saúde, da dignidade do emprego, valorização dos salários e garantia de estabilidade laboral.
“Esses problemas não desapareceram. Esses problemas estruturais são agora acompanhados por problemas novos e esperamos que o Governo tenha capacidade para lhes responder”, frisou.
Interrogado sobre a possibilidade de o Bloco de Esquerda apresentar uma moção de rejeição ao programa do novo Governo, Pedro Filipe Soares respondeu que essa hipótese “não se coloca neste momento”.
“As coisas no país e no mundo não estão bem iguais como estavam há dois meses. Temos uma guerra que fez disparar bens essenciais, a inflação está a crescer de forma galopante, a crise de refugiados exige uma resposta e precisamos de apoios a quem está mis fragilizado economicamente. Os desafios mudaram”, reforçou o líder da bancada bloquista.
Em relação ao futuro programa do Governo, Pedro Filipe Soares afirmou esperar que o Governo” seja transparente nas respostas que pretende dar”.
“Será um momento para avaliarmos quer a capacidade para responder aos problemas estruturais e aos novos que a situação internacional coloca, quer no que se refere à transparência como os vai abordar no atual contexto”, acrescentou.
Perante os jornalistas, na Assembleia da República, Pedro Filipe Soares começou por se referir à sua reeleição por unanimidade e por voto secreto como presidente da bancada do Bloco de Esquerda.
“Num momento em que a democracia suplanta a ditadura em termos de duração e também num momento em que o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda é completamente paritário, tendo até mais uma mulher do que homens, é para mim uma enorme responsabilidade assumir este desafio”, disse.
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