“Não mais aceitaremos que o Supremo [Tribunal Federal] ou qualquer autoridade usando a força do poder passe por cima da nossa Constituição (…) Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa especifica na região dos ‘três poderes’ continue barbarizando a nossa população”, disse Bolsonaro em alusão ao juiz Alexandre de Moraes, do STF.
“Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil”, disse Bolsonaro, referindo-se novamente a Moraes, que nas ultimas semanas emitiu mandados de prisão contra apoiantes do Governo envolvidos num inquérito sobre atos antidemocráticos e notícias falsas que tem, entre os investigados, o próprio Presidente.
A manifestação em Brasília juntou milhares de pessoas que usavam as cores da bandeira brasileira, verde e amarelo, e entoavam cantos e frases de apoio ao governante.
Num breve discurso, Bolsonaro disse que ele e os seus apoiantes respeitam a Constituição e “não querem uma rutura” embora o ato tenha sido acompanhado por milhares de pessoas que levaram cartazes e placas, inclusive em inglês, pedindo medidas como prisão e a destituição de todos os juízes do STF, mas também uma intervenção militar que mantivesse Bolsonaro no poder.
“Todos aqui sem exceção somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir. Temos em nossa bandeira escrito 'Ordem e Progresso’. É isso que nos queremos, não queremos rutura, não queremos brigar com poder nenhum, mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, afirmou Bolsonaro.
O chefe de Estado acrescentou que a manifestação que hoje decorre em várias cidades brasileiras constitui um recado da população aos três poderes: é “um comunicado, um ultimato, para todos que estão na Praça dos Três Poderes, inclusive eu, Presidente da República.”
“Enquanto vocês estiverem comigo eu estarei com vocês e não importa quantos obstáculos que, porventura, tenhamos ao longo do nosso caminho”, concluiu.
As manifestações incentivadas por Bolsonaro foram convocadas há quase dois meses num contexto de fortes tensões entre o chefe de Estado e o Supremo Tribunal Federal e o Congresso - instituições que o governante e parte da extrema-direita acusam de atuar como "partidos de oposição" contra o Governo.
Além disto, a popularidade do Presidente brasileiro está em queda devido à pandemia, à crise económica e às constantes declarações polémicas.
Nas últimas semanas, o Presidente brasileiro provocou instabilidade institucional ao fazer duras críticas à Justiça, que investiga o chefe de Estado por supostas irregularidades no combate à pandemia de covid-19 e por difundir notícias falsas sobre a transparência e fiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.
Bolsonaro participará e discursará novamente num outro protesto convocado por seus apoiantes em São Paulo, a maior cidade do Brasil, por volta das 16:00 (horário local).
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