“Uma porção [grande quantidade] de gente comprando porque o dinheiro que o Governo injetou na economia foi muito acima do que as pessoas estavam acostumadas, tanto que está havendo grande compra de alimentos e de material de construção”, afirmou Mourão ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas em Brasilia.
O vice-Presidente brasileiro salientou que, esta subida no preço dos alimentos “é uma questão da lei da oferta e da procura”.
Desde abril, o Brasil distribui um auxílio em dinheiro à população que foi duramente afetada pela pandemia, nomeadamente trabalhadores independentes e sem contrato formal de trabalho. O dinheiro foi divido em cinco parcelas de 600 reais (96,11 euros).
Na última semana, foi confirmada mais uma prorrogação desta ajuda, dessa vez por mais quatro parcelas, mas o valor caiu para 300 reais (48,05 euros).
No entanto, vários especialistas têm uma explicação diferente para a subida dos preços, considerando que estes dispararam pressionados pelo forte aumento da procura no mercado externo graças à subida do dólar face à moeda brasileira, o real.
Embora vice-presidente brasileiro credite a alta dos alimentos ao aumento da renda dos pobres e sua busca por alimentos, especialistas indicam que os preços
O preço do arroz e do feijão, dois dos principais alimentos da dieta brasileira, saltou mais de 20% neste ano. Esta subida foi responsável por 80% da inflação acumulada no ano no Brasil, que chegou a 0,70%, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A desvalorização de cerca de 40% da moeda brasileira atraiu compradores, incentivando os produtores rurais a apostar nas exportações em detrimento das vendas no mercado interno, o que fez os preços subirem dentro do país.
“A alta do dólar fez com que os exportadores de arroz, soja, carnes, café, açúcar passassem a ter uma vantagem muito grande no exterior em termos de preços e passassem a cobrar um preço mais alto internamente, reduzindo a oferta”, explicou Mauro Rochlin, economista do Centro de Estudos da Fundação Getulio Vargas (FGV) à Efe.
Em comunicado, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) também frisou que as sucessivas subidas nos preços dos alimentos “são provenientes de variáveis do mercado como maior exportação, câmbio e quebra de produção”.
O posicionamento da APAS foi uma resposta dada ao Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que na semana passada pediu aos comerciantes e redes de supermercados que ajam com “patriotismo” para evitar a subida do valor dos alimentos.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, com mais de 4,1 milhões de casos e 127.464 óbitos provocados pela covid-19.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 898.503 mortos e infetou mais de 27,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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