“Já houve algum debate público [sobre a cibersegurança nas redes 5G] e algumas dessas discussões referem-se à [criação de] padrões técnicos para operadores e à diversificação de fornecedores, enquanto outras destacam a necessidade de medidas de monitorização e certificação”, afirmou Julian King numa declaração escrita enviada à agência Lusa.
Porém, continuou o responsável, “nenhumas dessas [medidas propostas] serão soluções milagrosas”.
De acordo com Julian King, “não só o 5G é uma tecnologia complexa, porque envolverá milhares de milhões de dispositivos conectados, como também representa o caminho para um novo ecossistema digital”.
E, “nos casos em que a segurança não pode ser assegurada pela estrutura, terá de ser por escolhas — escolhas essas que, por vezes, terão de ser feitas pelos Estados-membros e não pela indústria”, vincou o comissário europeu, numa alusão à permissão dada por Bruxelas a que os países possam, futuramente, excluir alguns fornecedores dos seus mercados por razões de segurança.
“Para permanecermos resilientes num clima geopolítico em mudança, temos de agir em conjunto para identificar e mitigar potenciais fraquezas e vulnerabilidades que possam prejudicar a nossa segurança coletiva, podendo, inclusive, agir juntamente com parceiros internacionais que pensam da mesma forma”, defendeu Julian King.
O comissário europeu rejeitou ainda a existência “de um conceito de total independência tecnológica numa economia global, aberta e interligada”, como a da UE.
Assumida como uma prioridade europeia desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em março deste ano, a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas ‘arriscadas’ dos seus mercados.
Bruxelas pediu, também nessa altura, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até junho passado, seguindo-se agora a adoção de medidas comuns para mitigar estas ameaças, isto até final do ano.
Nessa análise feita aos riscos nacionais, os Estados-membros detetaram a possibilidade de ocorrência de casos de espionagem ou de ciberataques vindos, nomeadamente, de países terceiros.
A conclusão surgiu numa altura em que a fabricante chinesa Huawei está no centro da polémica por alegada espionagem em equipamentos 5G, no seguimento de suspeitas lançadas pelos Estados Unidos sobre a instalação de ‘back doors’ (portas traseiras de acesso), o que a tecnológica tem vindo a rejeitar, reiterando a falta de provas.
A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias.
Na declaração enviada à Lusa, Julian King assinalou ainda que o 5G representa um “ponto de inflexão tecnológico”, pelo que realçou a importância de os Estados-membros conseguirem adotar, em conjunto, uma “caixa de ferramentas com possíveis medidas para mitigar os riscos associados à cibersegurança para redes 5G”.
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