A moção de censura ao governo foi aprovada com os votos da esquerda — França Insubmissa, socialistas, GDR e ecologistas —, da UDR e da União Nacional, com um total de 331 votos.

Barnier estava a governar em minoria até agora e, perante a dificuldade de aprovar o orçamento de Estado, recorreu na segunda-feira ao artigo 49.3 da Constituição francesa, que prevê a possibilidade de aprovar leis evitando uma votação parlamentar em troca de ter de se submeter a uma moção de censura.

Este é o Governo mais curto na quinta república francesa, que nasceu em 1958. Este também é o segundo Governo a cair, depois da administração de Georges Pompidou em 1962, quando Charles de Gaulle era presidente.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, não é afetado pela moção de censura, pode nomear novamente Barnier ou outro primeiro-ministro, mas o equilíbrio no Parlamento será o mesmo, já que não pode convocar eleições legislativas antecipadas até meados de 2025.

Em Portugal, o Presidente da República já reagiu, afirmando, à saída da missa evocativa de Sá Carneiro, que decorreu hoje na igreja de Cristo Rei, no Porto, que "não queria dizer nada, porque estamos à saída de uma cerimónia de evocação de Sá Carneiro, mas é óbvio que é um sinal de como a Europa está cheia de problemas", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Já o  O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse que a instabilidade política em França e na Alemanha são "fenómenos" e que não afetarão o funcionamento das instituições democráticas da União Europeia.

“É evidente que é melhor ter estabilidade do que instabilidade, mas os assuntos internos de cada país têm a sua dinâmica própria. Evidentemente que eles têm sempre efeitos sobre a União Europeia, no sentido em que criam novos ciclos, interrompem ciclos, podem criar alguns impasses”, disse o ministro, em declarações à Lusa na Embaixada de Portugal em Paris, depois de ressalvar que Portugal não comenta a situação interna dos países.

Afirmou ainda que “poderá haver algum impacto” dentro do “desenrolar que é a vida das instituições democráticas, que têm essas vicissitudes”, com a instabilidade a criar dúvidas no mercados, nomeadamente nos investidores, mas recusou dar "uma importância grande” ao que é o dever normal da política de dois países.

“Quer a França quer a Alemanha têm sistemas de Governo que foram pensados para, justamente, robustecer a estabilidade, é verdade, mas isto não quer dizer que, obviamente, de quando em vez não tenham, justamente, aquilo que é o dever normal da política e que, obviamente, cria esses ‘hiato’ ou essas aberturas”, afirmou.

Esta instabilidade vai implicar a prazo novos ciclos governativos, “na Alemanha seguramente com as eleições" e, no caso da França, "é diferente porque as eleições só podem ocorrer em julho e, portanto, com certeza que se encontrará uma solução até lá”, acrescentou.

A instabilidade na França e a crise de governo na Alemanha, que precisou antecipar as eleições legislativas para 23 de fevereiro, podem afetar a União Europeia, a poucas semanas do regresso de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos da América.

Com agências*