Em reunião privada, o executivo camarário decidiu “instar o Governo e o Metropolitano de Lisboa a adotarem medidas efetivas que minimizem os impactos resultantes dos constrangimentos nos transportes públicos”, em particular os decorrentes das obras no metro no Campo Grande, e garantam a plena informação à Câmara Municipal e aos utentes dos serviços públicos de transporte.
A moção do PCP foi viabilizada entre os 17 membros da câmara, com os votos contra dos quatro eleitos do PS, a abstenção dos dois vereadores do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e os votos a favor dos restantes - sete da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), dois do PCP, um do Livre e um do BE.
O executivo municipal quer que o Governo e o Metropolitano de Lisboa esclareçam “cabalmente” as afirmações atribuídas ao ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro (PS), de que “a linha circular poderia já não se concretizar e dar lugar, em alternativa, a uma linha em laço”.
Num comunicado divulgado na terça-feira, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática disse que a circulação na linha circular pode passar pelo funcionamento “habitualmente designado pela expressão ‘em laço’ ou a combinação destes tipos de funcionamento”.
O funcionamento da linha circular, tal como está definido, prevê que os passageiros que saiam das estações de Odivelas, Senhor Roubado, Ameixoeira, Lumiar, Quinta das Conchas e Telheiras tenham de fazer transbordo no Campo Grande se quiserem ir para outras zonas de Lisboa.
Com a circulação “em laço”, esse transbordo deixa de ser necessário e o comboio que sai da futura linha Amarela segue viagem pela nova linha circular.
“A decisão sobre o modelo de operação, simples ou combinado, será definida a seu tempo pelo Metropolitano de Lisboa, suportada pelos estudos de procura e de operação que o fundamentarão”, acrescentou o Ministério do Ambiente.
Na moção apresentada em reunião de câmara, o PCP reiterou que a criação de uma linha circular na rede do Metropolitano de Lisboa é “uma opção errada”, referindo que as obras em curso para a sua concretização estão a afetar os utentes dos transportes públicos, porque se verifica “uma inexplicável ausência de planeamento atempado que previsse as consequências, impactos e medidas que esta obra acarreta”.
A linha circular criará outros problemas quando a mesma estiver em funcionamento, “dificultando a mobilidade e o acesso à cidade, em particular dos utentes do metro que venham dos concelhos de Loures e Odivelas e das freguesias do Lumiar e Santa Clara”, apontou o PCP.
Na moção, o executivo municipal pede que o Governo e o Metropolitano forneçam à câmara “toda a informação relativa às obras de expansão da sua rede (linha circular e linha vermelha) e das intervenções destinadas às melhorias técnicas dos seus sistemas de sinalização e de VIA, programadas para 2023 e 2024”.
Solicita ainda que sejam aplicadas soluções técnicas já utilizadas noutras obras desta dimensão, entre as quais “a criação de um cais provisório na estação do Campo Grande, aumentando as condições de segurança e possibilitando uma maior fluidez nas entradas e saídas dos comboios da linha verde [Cais do Sodré – Telheiras]”.
Entre as medidas propostas está a implementação diária de autocarros específicos entre os troços interrompidos, todos os dias da semana e no horário completo do funcionamento do metro (06:30 às 01:00), e a criação de circuitos complementares aos existentes, nomeadamente entre Telheiras, Campo Grande, Cidade Universitária e Entrecampos e entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço.
Também por iniciativa do PCP, foram aprovadas outras duas moções, uma relativa ao Dia Nacional do Cientista e outra em solidariedade com a luta dos professores.
Com os votos contra da liderança PSD/CDS-PP e os votos a favor dos restantes, a câmara aprovou um voto de repúdio do PCP “contra ações antidemocráticas que pretendem condicionar a organização e direitos de partidos políticos, organizações sindicais ou outras”, apresentando como exemplo o recente “cerco à sede do PS”, referindo-se a uma manifestação do partido Chega.
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