“A concretização da Unidade de Projeto da Avenida de Ceuta incide sobre um território que tem neste momento várias intervenções previstas a cargo de entidades distintas, incluindo a Infraestruturas de Portugal, o Metropolitano de Lisboa e a Águas do Tejo Atlântico. Este facto determinou a revisão do projeto, inicialmente previsto, face à necessidade de conjugação com os demais projetos previstos para a zona”, indicou a Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Em resposta à agência Lusa, a autarquia disse que, considerando a necessidade de conjugação dos vários projetos, em que o desenvolvimento não depende da CML, “não é possível, de momento, determinar a data de conclusão da Unidade de Projeto da Avenida de Ceuta”.
Apesar dessa indefinição, a CML afirmou que está “empenhada” na concretização da Unidade de Projeto da Avenida de Ceuta “pelos benefícios que traz à cidade de Lisboa e à sua resiliência climática”.
Em causa está o projeto do corredor verde do Vale de Alcântara, apresentado em 2016 pelo então vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, no executivo presidido pelo PS, que perspetivou que o projeto estivesse pronto dentro de um ano, mas o mesmo sofreu atrasos e permanece por concluir uma das seis unidades previstas, a Unidade de Projeto da Avenida de Ceuta.
O projeto do corredor verde do Vale de Alcântara assenta na criação de um percurso ciclo pedonal arborizado, de ligação entre o Parque Florestal de Monsanto e a frente ribeirinha, com o reforço da estrutura verde.
A intervenção abrange cerca de 13 hectares, ao longo de mais de três quilómetros, harmonizando corredores ciclo-pedonais, novos espaços verdes, mais e melhor iluminação, utilização de água reciclada para rega, equipamento urbano e mais de 700 novas árvores.
De acordo com a CML, este corredor verde é constituído por seis unidades de projeto, das quais “cinco estão executadas e em utilização pela população”, nomeadamente Bairro da Liberdade, Estação de Campolide, ciclo pedonal de ligação do Aqueduto das Águas Livres à Calçada da Quintinha / Calçada do Baltazar, Quinta da Bela Flor e passagem inferior à via-férrea de cintura e do sul para ligação da Quinta da Bela Flor à Avenida de Ceuta.
O projeto do corredor verde do Vale de Alcântara “envolve um investimento da CML de 5,8 milhões de euros”, indicou a autarquia.
Sobre as outras obras previstas na Avenida de Ceuta, a CML indicou que a Águas do Tejo e Atlântico (AdTA) prevê a execução da “Conduta Elevatória de Água para Reutilização (ApR) entre a ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] Alcântara e a Bacia Antipoluição”, em que “a empreitada da Unidade de Projeto da Avenida de Ceuta passa a acomodar o abastecimento da água reciclada a montante, isto é, desde a ETAR de Alcântara até à caixa de receção, assegurando assim o funcionamento de toda a estrutura hidráulica projetada (lagos e canal)”.
Em relação à Infraestruturas de Portugal (IP), está projetada a implantação de “um novo viaduto ferroviário sobre a Avenida de Ceuta”, em que os pilares propostos assentam sobre zonas da área de intervenção (canal de água e vala técnica), indicou a CML.
De acordo com a câmara, existem também questões relacionadas com o Metropolitano de Lisboa, bem como “outras de menor relevância que é igualmente necessário clarificar e retificar, caso fosse definido avançar” com a Unidade de Projeto da Avenida de Ceuta.
Em 26 de março, o deputado municipal do PS Pedro Roque questionou a câmara sobre o corredor verde do Vale de Alcântara, inclusive a transformação da Avenida de Ceuta, procurando saber o porquê de o projeto estar “na gaveta”.
“Afinal, acha mesmo o engenheiro Carlos Moedas [presidente da câmara, do PSD] e o seu executivo que ali está tudo bem?”, interrogou o socialista, numa alusão aos problemas de consumo e tráfico de droga na Avenida de Ceuta.
Em resposta, a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), destacou o desenvolvimento de um trabalho “muito exaustivo” de requalificação e regeneração da cidade, através do programa Cinco Vales, inclusive no Vale de Alcântara.
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