“Este simulacro vem testar a capacidade de resposta dos agentes da proteção, do planeamento, das entidades envolvidas, dos hospitais, empresas, da Comissão Municipal de Proteção Civil, dos planos de emergência e foi feito em tempo real, resolvendo o problema num vagão que, após queda de uma via férrea, rompeu e resultou na libertação de uma nuvem tóxica com impactos numa zona industrial”, explicou à Lusa o vereador com o pelouro da Proteção Civil, Carlos Rabaçal.

Nesta simulação foi criado um cenário em que um furacão está a passar pela cidade e a causar várias ocorrências, entre as quais o descarrilamento do comboio e o derrame de amoníaco, uma substância química que se propaga rapidamente e que pode levar à morte ao fim de dez minutos de inalação.

Foi pelas 10:00 que a sirene dos Bombeiros Sapadores de Setúbal tocou e os operacionais deslocaram-se rapidamente à Mitrena, onde, ao depararem-se com a fuga tóxica, são obrigados a recuar para vestir os fatos de proteção.

Simultaneamente foi necessário ativar a Comissão Municipal de Proteção Civil, os planos de emergência e evacuar todas as casas, escolas ou unidades fabris num raio de um quilómetro.

Segundo o vereador da Proteção Civil, toda a resposta ao simulacro foi efetuada em “tempo real”, para que todas as entidades saibam como responder de forma rápida e eficiente a um “acidente real”.

“Setúbal está a preparar-se para qualquer incidente do género e nós testámos um produto químico que é o amoníaco, que é bastante perigoso, mas tivemos há algum tempo um acidente real com outro produto químico, o fósforo, e respondemos de uma forma muito eficiente. E os simulacros dinamizados antes foram muito importantes para dar uma resposta rápida”, indicou.

Carlos Rabaçal referia-se a dois incêndios ocorridos na Mitrena, no início do ano, um dos quais em fevereiro, que destruiu os armazéns de enxofre da Sapec Agro e provocou mais de uma dezena de feridos ligeiros por inalação de fumos, e outro em março, num depósito de solvente da Sapec Química.

Segundo o vereador, o exercício efetuado hoje tinha ainda o objetivo de “dar uma resposta multifacetada a todas as consequências seguintes ao acidente industrial”, como o corte de estradas, minimização de situações ou evacuação de escolas.

No cenário criado, uma escola primária foi afetada pela nuvem tóxica e cerca de 30 crianças com sintomas foram encaminhadas para a pediatria do Hospital de São Bernardo, no concelho, além de outros 30 estudantes do ensino politécnico que acabaram por falecer, sendo necessário levar os corpos para a morgue da mesma unidade hospitalar.

De acordo com Carlos Rabaçal, estiveram no terreno “cerca de 50 operacionais”, mas em toda a operação participaram “cerca de 6.000 pessoas”, entre as quais os trabalhadores das empresas envolventes e estudantes que tiveram formação para participar no exercício, simulando diferentes situações.

O simulacro só termina por volta das 17:00, mas até ao momento o vereador garante que “a resposta foi muito rápida e eficiente” e que “tudo funcionou como era suposto”.