Anne Hidalgo, atual presidente da Câmara Municipal de Paris, foi formalmente escolhida no fim de semana passado, com 72% dos votos, como a candidata do Partido Socialista às eleições presidenciais francesas, mas não parte na melhor posição para a corrida ao Eliseu (residência oficial do Presidente da República).
Dos principais candidatos já anunciados, e também alguns por anunciar, Anne Hidalgo tem tido dificuldades em afirmar-se nas sondagens, mantendo-se abaixo de candidatos como o ecologista Yannick Jadot ou o líder da extrema-esquerda, Jean-Luc Melenchon.
Muito longe em termos de popularidade e já com dois dígitos, aparecem Marine Le Pen, da extrema-direita, o potencial candidato da direita Xavier Bertrand e até o polémico Eric Zemmour.
No topo das preferências dos franceses, continua a estar o atual titular do cargo, Emmanuel Macron.
Para lançar oficialmente a sua campanha, a autarca de Paris desloca-se até ao norte do país – um lugar ainda seguro para os socialistas, que depois de 2017 têm um grupo muito reduzido de deputados, mas mantêm o poder nalgumas regiões – para procurar ajuda junto de outra mulher forte da esquerda, Martine Aubry, filha de Jacques Delors, que dirige há 20 anos a cidade de Lille.
As duas mulheres conhecem-se desde o final dos anos 1990: Aubry, antiga líder dos socialistas e, em tempos, com fortes esperanças de chegar ao Eliseu, foi ministra do Trabalho e da Solidariedade entre 1997 e 2000, sob a liderança de Lionel Jospin, altura em que conheceu uma jovem inspetora do trabalho, Anne Hidalgo.
Também outros socialistas de peso, como Carole Delga, presidente da região da Occitânia (sudeste de França), e o autarca de Montpellier, Michaël Delafosse, estão ao lado da candidata.
E é nesta ligação ao poder local que vai assentar a candidatura de Hidalgo, com a estratégia da campanha que se inicia hoje na “Convenção por uma República Social e Ecológica”, em Lille, pelas 14:00 locais (13:00 em Lisboa) a recorrer aos autarcas socialistas e equipas mobilizadas localmente para dar a conhecer o programa e a figura de Anne Hidalgo.
Entre as propostas já avançadas pela candidata socialista, que ainda não divulgou o programa completo, está o aumento dos salários dos professores, assim como mais pessoal nas escolas, além da criação de um salário para quem tem a seu cargo pais ou filhos doentes ou desenvolve um trabalho comunitário importante.
Anne Hidalgo tem ainda outro desafio, que é enfrentar uma luta fratricida contra Arnaud Montebourg, antigo ministro de Hollande que decidiu avançar para as presidenciais mesmo sem o apoio dos socialistas.
Apesar de não se destacar por enquanto nas sondagens, Montebourg tem repetido que Hidalgo “é filha espiritual de François Hollande”, um nome a que não deve estar associado quem pretende vencer as eleições presidenciais de 2022.
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