O hino intitulado "O Canada” poderá passar a respeitar a neutralidade de género.
A alteração foi avançada em 2016 pelo deputado Mauril Bélanger, do Partido Liberal do Canadá. A proposta passou pela Câmara dos Comuns e, após enfrentar resistência por parte dos conservadores, foi aprovada no Senado esta quarta-feira, 31 de janeiro.
A medida precisa agora, para entrar em vigor, da aprovação da governadora-geral do Canadá, Julie Payette, que representa oficialmente a monarquia britânica no país.
A mudança dar-se-á na linha da versão em inglês do hino, originalmente escrito em francês, que diz "verdadeiro amor patriota, em vossos filhos comanda" ("True patriot love in all thy sons command", na versão original). A versão em francês não possui a mesma expressão.
O projeto de lei prevê a substituição das palavras "vossos filhos" ("thy sons") por "todos nós" ("all of us"). Isto porque, em inglês, o termo "sons" se refere-se apenas aos filhos do sexo masculino.
Esta mudança está na calha há três décadas, disse o senador canadiano Frances Lankin, citado pelo The Guardian. “Isto pode ser pouco - são apenas duas palavras - mas é imenso no que diz respeito a um dos nossos principais símbolos nacionais. É inclusivo, e estou orgulhoso “.
O primeiro-ministro Justin Trudeau elogiou a medida através de uma publicação no Facebook, considerando-a "mais um passo positivo no sentido da igualdade de género".
A letra em inglês de "O Canada" foi escrita em 1908 por Robert Stanley Weir e é, desde 1980, o hino nacional do Canadá.
Esta não é a primeira vez que a canção é alterada, tendo sido atualizada antes de se tornar hino, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), exatamente na linha que hoje gera tanta controvérsia. O próprio autor, poeta e juiz, mudou o que inicialmente estava como "todos nós" por "filhos".
Este é aliás um dos argumentos de quem defende a nova alteração ao agora hino, já que em tempos este respeitou a neutralidade de género.
A ideia ganhou força em 2013, com uma campanha encabeçada por uma série de influentes mulheres, incluindo a escritora Margaret Atwood e a ex-primeira-ministra Kim Campbell.
"Restaurar a letra para a tornar neutra não é apenas uma correção fácil para tornar o hino mais inclusivo para todos os canadianos, mas também algo há muito devido", considerou Atwood.
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