O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, visitará hoje a ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias, onde o vulcão Cumbre Vieja entrou em erupção esta tarde, informaram os seus serviços.
“Perante a situação na ilha de La Palma, o presidente adiou a viagem prevista para hoje para Nova Iorque”, onde vai participar na Assembleia Geral das Nações Unidas, “e vai visitar as Ilhas Canárias para acompanhar o desenvolvimento da situação “, referiu a assessoria de imprensa do governo espanhol, num comunicado, citado pela agência France-Presse.
O rei de Espanha, Felipe VI, já telefonou ao presidente do governo regional das Canárias, para se inteirar da situação e transmitir "todo o apoio" à população, anunciou Ángel Victor Torres numa mensagem no Twitter.
O vulcão que entrou em erupção hoje na zona de Cabeza de Vaca, em Los Llanos de Aridane, tem pelo menos cinco bocas, anunciou o presidente do Cabildo de La Palma, Mariano Hernández Zapata, no encontro com a comissão do Plano de Emergência Vulcânica das Ilhas Canárias (Pevolca), refere a Efe.
Zapata declarou à Televisión Canaria que há lava a sair abundantemente de duas dessas bocas, que já cruzaram a rodovia Tacande em direção às áreas povoadas de Alcalá e El Paraíso, que foram evacuadas.
Os técnicos analisam a evolução da erupção e os dados recolhidos para fazerem previsões para onde o magma pode avançar.
As próximas retiradas de população dependem disso, se necessário, acrescentou o presidente do Cabildo de La Palma.
“Esperamos que a lava respeite, que seja benevolente e se dirija para o litoral, causando o mínimo de impactos possível”, disse Zapata, acrescentando que poderia ir até Todoque e continuar o seu caminho até ao litoral.
Mariano Hernández Zapata apelou à “responsabilidade e bom senso”, perante o facto de “muitas pessoas” se aproximarem da zona da erupção , causando “problemas” nos esforços de evacuação.
“Haverá tempo para ver o vulcão”, afirmou.
O Cumbre Vieja de La Palma é um dos complexos vulcânicos mais ativos das ilhas Canárias, sendo o responsável por duas das três últimas erupções nas ilhas, o vulcão San Juan (1949) e o Teneguía (1971).
O Instituto Geográfico Nacional e o Instituto Vulcanológico das Canárias registaram desde 11 de setembro um importante acumulado de milhares de pequenos sismos na periferia do Cumbre Vieja, com epicentros a mais de 20 quilómetros de profundidade que, progressivamente, foram ascendendo à superfície.
Desde o início da semana a ilha encontrava-se em alerta amarelo devido ao risco de erupção vulcânica na zona (nível 2 de 4).
Hoje de manhã, as autoridades começaram a a zona e a retirar as pessoas com problemas de mobilidade nas localidades dos municípios de El Paso, Los Llanos de Aridane, Villa de Mazo e Fuencaliente.
Desde que há registos históricos – desde a conquista das Canárias no século XV – La Palma foi cenário de sete das 16 erupções vulcânicas registadas no arquipélago.
Um sismo de magnitude 3,8 foi hoje registado à superfície. O Comité Científico do Plano de Prevenção de Riscos de Vulcões alertou que os sismos mais fortes “poderão também causar danos nos edifícios”. “O comité dos especialistas científicos chamou ainda atenção para a eventualidade de queda de rochas na costa sudoeste da ilha”.
Os avisos de vulcão seguem um nível de risco, subindo do verde para o amarelo, laranja e vermelho. Aos residentes foi também solicitado que relatem aos serviços de emergência quaisquer vestígios de gases, cinzas, mudanças no nível da água ou pequenos sismos.
Geólogos espanhóis rastrearam na última semana a formação de um “enxame de terremotos” ao redor de La Palma. Um enxame de terremotos é um agrupamento de terremotos numa área durante um curto período e pode indicar a aproximação de uma erupção.
Antes de uma erupção vulcânica dá-se um aumento gradual da atividade sísmica que pode prolongar-se por um largo período.
La Palma, com 85 mil habitantes, é uma das oito ilhas do arquipélago das Canárias. No seu ponto mais próximo com África dista 100 quilómetros de Marrocos.
A ilha espanhola encontra-se a 460 quilómetros da ilha portuguesa da Madeira e 1.428 quilómetros da ilha do Sal (Cabo Verde).
[Notícia atualizada às 18h28]
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