“Superou todas as expectativas e está a ser brutal. O melhor ano de sempre em termos de número de pessoas e de negócio”, assegurou hoje à agência Lusa Bruno, que há 20 anos vende hambúrgueres e cachorros no Carnaval de Loulé.

O vendedor ambulante, que tem a sua banca logo à entrada do “sambódromo louletano”, na avenida José da Costa Mealha, disse que, logo no domingo, “o estado do tempo ainda assustou com alguns pingos, muito poucos, a caírem, mas segunda-feira e hoje o tempo esteve muito bom”.

Antes do início, às 15:00, do espetáculo, as esplanadas no centro da cidade algarvia estavam cheias, com muitos turistas em ‘t-shirt’ a tirar partido do dia de sol e 20º centígrados de temperatura.

Apresentado pela autarquia como “o mais antigo corso do país”, a edição de 2023 desta festa popular significou um investimento superior a “400 mil euros” inscrito no orçamento municipal, prevendo-se um impacto “substancial” na economia nesta época baixa do turismo algarvio.

Dentro do recinto a assistir à passagem dos grupo de animação e no meio de um ruído ensurdecedor, o presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, que organizou o espetáculo, confirmou que “este Carnaval está a bater todos os recordes de afluência, alegria, cor, etc”, estimando que “70 a 80 mil pessoas” tenham entrado no “sambódromo louletano”.

Vendedora numa loja de acessórios de senhora, uma das poucos casas comerciais abertas na avenida José da Costa Mealha, Rafaela também era da opinião que nos três dias de festa “estiveram mais pessoas do que nos carnavais de antes da pandemia”.

A louletana estava, no entanto, triste com a pouca afluência de compradores à sua loja: “para o negócio não tem sido bom, visto que as pessoas vieram para ver o Carnaval e não para comprar”, lamentou.

Numa farmácia de serviço não muito longe, uma das poucas clientes, Maria da Graça, de 67 anos, não tinha dúvida que a edição de 2023 do Carnaval era “muito melhor” do que em anos anteriores, mas o que mais a estava a impressionar era a organização “impecável”.

Uma patrulha conjunta internacional circulava no recinto para assegurar a segurança e sensibilizar os espetadores em várias línguas: um agente da Guarda Nacional Republicana (Portugal), outro da “Gendarmerie” (França), outro da “Guardia Civil” (Espanha) e, finalmente, outro dos “Carabinieri” (Itália).

A operação nasceu de uma parceria entre as quatro instituições para momentos onde há uma maior afluência de estrangeiros e tem sido replicada noutras alturas do ano, como no verão ou na Páscoa.

“Este Carnaval é formidável. Muito melhor do que em França”, disse à Lusa Christian, um francês de 72 anos que passa vários meses por ano na sua casa da Praia da Rocha, nos arredores da cidade algarvia de Portimão.

O reformado estava muito impressionado com “a calma e o bom comportamento” dos portugueses neste tipo de festas, dando “menos problemas às autoridades” do que acontece no seu país.

O Carnaval de Loulé teve este ano “14 carros alegóricos, 10 grupos de animação, três escolas de samba, cabeçudos, gigantones, num total de perto de 600 animadores”.

A candidatura a Geoparque, que em breve os municípios algarvios de Loulé, Albufeira e Silves irão apresentar junto da Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO), e o achado paleontológico que a inspirou, uma salamandra gigante com 227 milhões de anos, serviu de tema à edição deste ano do Carnaval, que decorreu sob o mote “Ó Zé… Já viste o Algarvensis?”.

“O tema escolhido é pouco habitual”, reconheceu o presidente da Câmara de Loulé, ao mesmo tempo que assegurou que, mesmo assim, “resultou em pleno, porque as pessoas aderiram” ao mesmo.

Várias figuras alusivas ao tema desfilaram no corso e ainda muitos populares “pegaram no slogan e estavam enfeitados a condizer”.

No desfile estiveram também cerca de meia centena de bonecos de figuras bem conhecidas concebidas pelo criativo Paulo Madeira, com caricaturas de António Guterres, Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky, Marcelo Rebelo de Sousa, Greta Thunberg, António Costa e muitos outros “convidados”.