Este projeto piloto e pioneiro a nível nacional surgiu na sequência da mobilização de um conjunto de esforços, que levou à celebração de um protocolo entre a Casa do Povo de Abraveses (entidade gestora da casa abrigo) e o Centro Hospitalar Tondela Viseu, e conta com o apoio da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
“Tem capacidade para acolher dez utentes, incluindo os filhos menores ou maiores com deficiência na sua dependência”, explicou hoje a diretora técnica do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica do Distrito (NAVVD) de Viseu, Carla Andrade, durante a apresentação pública do projeto.
Segundo Carla Andrade, “o trabalho desenvolvido em rede pelo NAVVD Viseu nos últimos dez anos junto das vítimas de violência doméstica tornou evidente a lacuna de uma resposta especializada para vítimas de violência doméstica com doença mental”.
A maioria das pessoas acompanhadas pelo núcleo tinham “acentuada prevalência de patologia psiquiátrica, seja do tipo afetivo, do tipo psicótico e perturbações da personalidade”, havia uma “acentuada percentagem de vítimas com antecedentes de tratamento e acompanhamento psiquiátrico e toma regular de psicofármacos” e também casos de “dificuldade de continuidade dos cuidados psiquiátricos regulares”, explicou.
A responsável disse que, na casa abrigo, as mulheres vítimas de violência doméstica com doença mental terão “condições de segurança e de conforto” e o acompanhamento de uma equipa especializada.
Esta equipa é constituída por “uma médica psiquiatra, um enfermeiro especialista na área da doença mental, um psicólogo, uma assistente social e auxiliares de ação direta com formação na área”, acrescentou.
Carla Andrade explicou que, com o protocolo celebrado entre a Casa do Povo de Abraveses e o Centro Hospitalar Tondela Viseu, será possível “uma eficaz articulação com a área da psiquiatria, pedopsiquiatria, pediatria, sexologia e urgência no sentido de responder às complexas situações das vítimas acolhidas na casa abrigo”.
Foi também celebrado um protocolo com a Escola Superior de Saúde, “com vista à elaboração de um estudo científico que permitirá obter evidência científica acerca da relação entre violência doméstica e doença mental”, referiu.
O presidente da Casa do Povo de Abraveses, Carlos Aparício, considerou que fazia falta uma estrutura “que apoiasse e pudesse fazer com que as mulheres partissem para uma vida normal muito mais preparadas e com melhores aconselhamentos”.
“Fomos avançando para este projeto, sabendo que era uma resposta inovadora”, frisou, mostrando-se orgulhoso por, a partir de hoje, a casa estar oficialmente em condições de receber as mulheres.
Na última década, o NAVVD atendeu 1.552 pessoas, tendo constatado uma elevada prevalência de patologia psiquiátrica.
A Casa do Povo de Abraveses é a entidade gestora do NAVVD e do Centro de Centro de Acolhimento de Emergência que acolheu, desde 2013, 595 mulheres e filhos menores vítimas de violência doméstica.
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