De acordo com o jornal La Vanguardia, o antigo rei de Espanha instalou-se provisoriamente na República Dominicana. Juan Carlos I terá abandonado o palácio de Zarzuela no domingo, tendo passado a noite em Sanxenxo. Ontem de manhã, segunda-feira, viajou de carro até ao Porto, onde apanhou um avião e seguiu para a República Dominicana.
O jornal espanhol refere ainda que Juan Carlos irá ficar na cidade de La Romana, na propriedade da família Fanjul, conhecida na América Latina devido às plantações de açúcar. Também o ABC refere esta informação.
A casa real espanhola ainda não confirmou a localização do rei emérito.
Juan Carlos nasceu a 5 de janeiro de 1938 em Roma, Itália, uma vez que a sua família se encontrava no exílio desde 1931, após a proclamação da Segunda República em Espanha. A família real espanhola viajou para Portugal, tendo-se estabelecido no Estoril na Villa Giralda. Juan Carlos passou parte da sua infância e juventude no concelho de Cascais. Ontem à tarde foi avançado que o antigo rei espanhol estaria exilado em Cascais.
A decisão que agora anunciou de abandonar Espanha é tomada perante a repercussão pública das investigações sobre os seus alegados fundos em paraísos fiscais.
Numa declaração, o rei emérito de Espanha explicou que enviou uma carta ao filho comunicando a decisão, que garante que tomou “com profundo sentimento, mas com grande serenidade”.
Juan Carlos diz pretender facilitar o exercício das funções de Filipe VI, pelo que deixará de viver no Palácio da Zarzuela e sai de Espanha, perante “a repercussão pública” de “certos eventos do passado”.
“Fui rei de Espanha durante quase 40 anos e, em todos eles, sempre quis o melhor para Espanha e para a coroa”, disse o ex-chefe de Estado através de um comunicado divulgado pelo Palácio da Zarzuela, acrescentando que não quer dificultar a vida de Filipe VI, permitindo-lhe “a tranquilidade e o sossego” que requerem as suas funções.
“O meu legado e a minha própria dignidade como pessoa exigem isso de mim”, acrescenta Juan Carlos no comunicado.
O Palácio de Zarzuela já anunciou que Filipe VI transmitiu ao seu pai “sincero respeito e gratidão por esta decisão”.
Na resposta, segundo o comunicado da Zarzuela, Filipe VI referiu que “o rei enfatiza a importância histórica do reinado do seu pai, como um legado e trabalho político e institucional de serviço à Espanha e à democracia; ao mesmo tempo, deseja reafirmar os princípios e os valores sobre os quais se baseia a Constituição”.
A decisão de Juan Carlos acontece quatro meses depois de Filipe VI ter privado o seu pai de uma subvenção pública de quase 200 mil euros anuais, enquanto renunciava a qualquer herança que pudesse corresponder às suas contas no estrangeiro.
Juan Carlos viu-se envolvido numa investigação judicial, desde o verão de 2018, quando agentes da polícia suíça foram enviados por um juiz para analisar as contas de uma empresa gestora de fundos alegadamente ilegais em paraísos fiscais, onde o rei emérito tem investimentos pessoais.
O antigo rei de Espanha não está a ser investigado, mas fontes judiciais suíças já disseram que pode vir a sê-lo num futuro próximo, embora a lei exija que apenas o departamento fiscal do Supremo Tribunal possa assumir o caso.
A investigação está na fase que pode determinar se há indícios suficientes para poder acusar Juan Carlos de ter cometido algum delito, desde que deixou o trono. Os seus advogados já disseram que o rei emérito continuará a colaborar com a justiça, apesar da decisão de deixar Espanha para viver noutro país.
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