Esta posição foi publicada na rede social LinkedIn, depois de na segunda-feira o grupo Altice ter anunciado que o gestor, que é co-CEO (co-presidente executivo) da Altice Europe e ‘chairman’ da Altice Portugal e da Altice USA (desde março) tinha suspendido as suas funções no âmbito das atividades empresariais executivas e não executivas de gestão do grupo em diversas geografias.
“No âmbito das recentes notícias veiculadas sobre o grupo Altice, decidi acionar a suspensão das minhas funções de co-CEO do grupo Altice, bem como de ‘chairman’ de diferentes operações do grupo em várias geografias. Nunca abdiquei, nem abdicarei, de enfrentar as adversidades com objetividade e firmeza necessárias, pois acredito que só assim faz sentido”, começa por escrever Alexandre Fonseca, que foi presidente executivo da dona da Meo até março de 2022.
“Com esta decisão pretendo de forma inequívoca proteger o grupo Altice e todas as suas marcas em todas as geografias mundiais de um processo que é público onde, aparentemente, são indiciados atos a investigar ocorridos no período em que exerci as funções de presidente executivo da Altice Portugal”, prossegue.
Alexandre Fonseca salienta que “o atual contexto exige respostas firmes e concretas”, razão pela qual não hesitou “em enfrentar o atual momento com a elevada responsabilidade que ele exige”.
Ora, “esta atitude visa contribuir para o cabal esclarecimento da verdade, através da minha disponibilidade total para que, o mais rapidamente possível, a mesma seja devidamente apurada e reposta”, sublinha, apontando que “esta é uma decisão que o grupo Altice aceitou e valorizou” porque ambos entenderam “que auxilia a salvaguarda da prossecução da atividade empresarial da Altice e promove a defesa dos princípios da transparência, da verdade e da colaboração no apuramento dos factos”.
“Quero reiterar que, por ser completamente alheio ao que tem vindo a ser publicamente veiculado no âmbito do processo em curso, irei exigir a clarificação de todos os factos e, assim, proteger a minha integridade, bom nome e o meu currículo publicamente reconhecido e valorizado”, asseverou.
A rematar, Alexandre Fonseca cita Martin Luther King, que afirmou que “a injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar”.
E conclui: “Reitero que não abdicarei de dar o meu total contributo e fazer a minha parte, pois, tenho muito orgulho no que construí e desenvolvi na minha vida pessoal, familiar e profissional, nomeadamente, em Portugal e no grupo Altice”.
A “operação Picoas”, desencadeada em 13 de julho, levou a três detenções, entre as quais a do cofundador do grupo Altice Armando Pereira, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a sede da Altice Portugal, em Lisboa, e instalações de empresas e escritórios em vários pontos do país, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP).
Esta foi uma ação conjunta do MP e da Autoridade Tributária (AT).
Em causa, alegadamente, está uma “viciação do processo decisório do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.
As autoridades consideram que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba “superior a 100 milhões de euros”.
Em 2 de junho de 2015, a Altice concluiu a compra da PT Portugal.
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