A sessão da manhã atrasou-se duas horas, também devido à greve dos funcionários judiciais, mas decorreu a partir das 11:00.
A sessão da tarde estava agendada para as 14:30, mas não houve condições para se darem início aos trabalhos.
O juiz presidente do coletivo que está a julgar o caso no Tribunal de Setúbal, Pedro Godinho, justificou aos advogados e aos jornalistas a não realização da sessão com a greve, afirmando que “sem funcionários, não há julgamento”.
O juiz disse ainda que este é um problema que continua sem solução e que está a ter “um impacto que já é superior ao da [pandemia de] covid”.
A próxima sessão de trabalhos foi agendada para terça-feira às 09:15, tal como estava já marcado.
Na sessão da manhã, um dos arguidos acusados do homicídio de Jéssica, em 20 de junho de 2022, em Setúbal, negou qualquer responsabilidade pela morte da criança.
“É tudo mentira”, disse Justo Montes, o primeiro arguido a prestar declarações, ao ser confrontado com o teor da acusação pelo juiz presidente.
Justo Ribeiro Montes, a mulher, Ana Pinto, e a filha, Esmeralda Montes, estão acusados dos crimes de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado, coação agravada, violação agravada e tráfico de estupefacientes agravado.
Um outro filho de Justo Montes e Ana Pinto, Eduardo Montes, que estava previsto ser ouvido hoje à tarde, responde por um crime de violação agravado e um crime de tráfico de estupefacientes agravado.
A mãe, Inês Sanches, responde pelos crimes de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificado, por omissão.
As arguidas Ana Pinto e a filha optaram até agora pelo silêncio, tal como a mãe de Jéssica.
De acordo com a acusação, Inês Sanches terá deixado a filha à guarda de Ana Pinto durante cinco dias, como garantia de pagamento de uma dívida por práticas de bruxaria, que ela própria tinha pedido a Ana Pinto, com o objetivo de melhorar o relacionamento com aquele que era na altura o seu companheiro.
A menina só foi devolvida à mãe cerca das 10:00 do dia 20 de junho de 2022, quando já não reagia a qualquer estímulo.
Ainda assim, os sinais evidentes do sofrimento de Jéssica foram ignorados durante várias horas pela própria mãe, facto que a investigação considerou que também poderá ter contribuído para a morte da criança, que viria a ocorrer nesse mesmo dia, poucas horas depois, no Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
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