“Nós neste momento entendemos que já há condições para o regresso do nosso embaixador a Moscovo e isso far-se-á tão cedo quanto possível, agora é uma questão meramente prática”, indicou Augusto Santos Silva aos jornalistas, à margem de uma reunião de chefes de diplomacia da União Europeia, no Luxemburgo.
O ministro apontou que o embaixador Paulo Vizeu Pinheiro regressará ainda esta semana, provavelmente na terça-feira à noite, a Moscovo, para onde já regressou também o embaixador da União Europeia, que fora igualmente chamado pela chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
O regresso a Moscovo do embaixador da União Europeia foi de resto a primeira justificação de Santos Silva para fundamentar a “decisão política” do Governo português, em linha com as decisões que vão sendo tomadas ao nível dos 28.
“O ponto é: tendo já regressado a Moscovo o embaixador da União Europeia, e indo discutir nós próprios (UE) o nosso relacionamento com a Rússia, do ponto de vista do Governo português estão criadas as condições para que regresse a Moscovo o nosso embaixador na Rússia, o que ele fará na primeira oportunidade prática”.
Augusto Santos Silva indicou que no Conselho de Negócios Estrangeiros da UE que decorre hoje no Luxemburgo haverá ainda, da parte da tarde, uma sessão sobre a Rússia, na qual será feita “uma revisão dos cinco pontos que orientam o relacionamento dos países europeus com a Rússia”, a segunda razão pela qual considera que estão criadas as condições do regresso do embaixador português a Moscovo.
“Nós tomámos uma medida, como aliás vários outros Estados-membros. Aliás, tomámos a mesma medida que tomou a UE como tal: chamar para consultas o nosso embaixador em Moscovo”, referiu Santos Silva.
“Essa medida tem dois objetivos essenciais: em primeiro lugar, tomar uma medida de reação face a atos que consideramos hostis, e em segundo lugar analisar com o nosso próprio embaixador as condições em que se deve agora desenvolver o relacionamento político diplomático a esse nível entre Portugal e a Rússia. Os dois objetivos estão cumpridos, o embaixador regressa para realizar o seu trabalho”, sublinhou.
O Governo português chamou, a 27 de março, o embaixador português em Moscovo, Paulo Vizeu Pinheiro, na sequência do ataque com um gás neurotóxico ao ex-espião russo Serguei Skripal em Salisbury (Reino Unido), pelo qual Londres responsabilizou a Rússia.
Também a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, chamou o representante dos 28 em Moscovo, mas quase todos os países do bloco europeu – à exceção de Portugal e outros cinco Estados - optaram por expulsar diplomatas russos.
Serguei Skripal e Yulia, foram encontrados inconscientes a 04 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra. Os Skripal estiveram em estado crítico durante mais de um mês, até que, na semana passada, Yulia recuperou, tendo tido alta na terça-feira, e, já esta semana, Serguei Skripal saiu do estado crítico, mantendo-se hospitalizado.
O envenenamento do ex-espião duplo e da sua filha, em solo britânico, provocou uma das piores crises nas relações entre a Rússia e o ocidente desde a guerra fria e conduziu a uma vaga histórica de expulsões recíprocas de diplomatas.
Londres acusa Moscovo de envolvimento neste envenenamento através da utilização de um agente neurotóxico, enquanto a Rússia desmente as acusações e denuncia uma “provocação” e uma “campanha antirrussa”.
(Notícia atualizada às 13h35)
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