Ana Barreira, advogada e fundadora do Instituto Internacional de Direito e Meio Ambiente (IIDMA), de Madrid, foi uma das participantes no debate “online” sobre “o impacto do negacionismo climático à luz da catástrofe de Valência”, região espanhola onde há um mês morreram mais de 200 pessoas na sequência de chuvas torrenciais.
No debate, promovido pela “Casa Comum da Humanidade” (CCH), com sede em Lisboa, Ana Barreira disse que o negacionismo em relação às alterações climáticas começou na altura da presidência norte-americana de George Bush (filho) e que é hoje muito amplificada nas redes sociais, sendo a educação o caminho para a combater.
Quando das inundações em Valência, contou, "nas redes sociais foi divulgada a existência de mortos num parque de estacionamento de um supermercado, o que foi desmentido pelas autoridades, mas as pessoas preferiram acreditar nos 'youtubers', e esse problema da falta de confiança nas instituições, é pior do que o negacionismo e é um problema que está a afetar a democracia".
E ao problema da desinformação junta-se o do excesso de informação, a repetição na imprensa das notícias, que leva à fadiga das pessoas e ao alheamento, disse, referindo ainda um dado que considerou importante, a presença do partido Vox, grande negacionista das alterações climáticas, no governo autónomo de Valência.
Ana Barreira destacou sempre a importância de uma informação adequada, dizendo que, por exemplo, a falta dela será um dos motivos da situação na Galiza, onde há 60 projetos de energias renováveis parados por causa da oposição das populações. “Há que tomar medidas contra as alterações climáticas mas há resistência às energias renováveis. Então o que fazemos?, perguntou.
Carlos da Câmara, climatologista, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, também disse (num vídeo pré-gravado) que a forma de combater o negacionismo climático é através da educação, mostrando “a evidência de forma científica”.
E Álvaro Vasconcelos, investigador, que moderou o debate, ainda tomando Valência como exemplo enfatizou que as redes sociais sem controlo exacerbaram o negacionismo climático, considerando que os poderes políticos, “que não fizeram muito para enfrentar as alterações climáticas” até agora, no futuro vão ter cada vez mais dificuldade em fazer melhor perante adversários cada vez mais poderosos, desde logo devido à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas.
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