Os resultados das provas de aferição do 5.º e 8.º ano que foram conhecidos na semana passada voltaram hoje a dividir os partidos da direita e da esquerda no parlamento, tendo o tema sido trazido pela deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa na declaração política desta tarde no plenário na Assembleia da República.
"Disse o ministro sobre as provas de aferição: 'ninguém tem que se inquietar'. Diz agora o secretário de Estado sobre os resultados das mesmas provas: 'ninguém pode ficar tranquilo'. Neste diz que disse, o que claramente chumba é este modelo", considerou na deputada centrista.
Na opinião de Ana Rita Bessa, "a política do senhor ministro da Educação [Tiago Brandão Rodrigues] é tão inconsequente como as suas muitas afirmações". A deputada considerou que a fiabilidade das provas de aferição "é posta em causa" porque apresenta resultados muito diferentes dos anteriores exames.
O PS, pela voz do deputado Porfírio Silva, considerou que "em matéria de avaliação, o CDS-PP vem hoje reconhecer, embora a medo, que se enganou", sublinhando que "as provas de aferição servem para identificar as dificuldades" e deu as boas-vindas à deputada centrista que "demorou dois anos a perceber isso".
"A formação de professores não foi decidida agora para resolver os problemas das provas de aferição", retorquiu o socialista, perante as críticas que tinham sido feitas por Ana Rita Bessa.
Já Nilza de Sena, do PSD, afirmou que o partido "acompanha na generalidade as críticas" feitas pelo CDS-PP, afirmando que "os resultados das provas de aferição foram desastrosos", o que considerou previsível, uma vez que os sociais-democratas sempre avisaram que "o facilitismo, a falta de exigência e as fugas de informação" são fatores que "desmerecem o sistema".
"Estas provas de aferição podem não servir de muito, mas se fizerem soar bem alto as campainhas na 05 de Outubro [morada do Ministério da Educação] já valeram a pena", disse ainda.
Da bancada do BE foi Joana Mortágua a tomar a palavra, recordando que "é sabido que o CDS-PP nunca gostou da aferição" porque "gosta mais de exames, de rankings, de seriar escolas".
"Ao olhar para os resultados o CDS escolhe não ver o que é mais importante e atirar ao modelo. A aferição não serve para avaliar, a aferição serve para acompanhar o desenvolvimento do currículo", recordou, considerando que a explicação dos centristas da falta de treino dos alunos "é muito curta".
Estando de acordo com Ana Rita Bessa que "a culpa não é dos professores", Joana Mortágua questionou a deputada centrista sobre se estava de acordo com a criação de equipas de acompanhamento do currículo.
Ana Mesquita, do PCP, afirmou que "quem ouve o CDS parece que o CDS é verdadeiro campeão da defesa da escola pública", apesar dos centristas defenderem "o acentuar da elitização do ensino".
Como os comunistas querem "trilhar um rumo de escola pública, gratuita e de qualidade", a deputada deixou uma pergunta: "o CDS vem a jogo nas propostas que o PCP fez?".
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