Nas declarações políticas na Assembleia da República, a líder parlamentar centrista, Cecília Meireles subiu à tribuna para pedir que se esclarecesse “a tensão” entre António Costa e ministro Mário Centeno, mas o PS optou por não responder ao desafio dos centristas.
“Não é questão pessoal, é questão política”, disse Cecília Meireles, para quem esta eventual divisão “é uma questão de Estado que deve ser esclarecida no parlamento”.
A própria deputada lembrou que Mário Centeno, como presidente do Eurogrupo, promoveu um orçamento que António Costa disse que estava “mal desenhado” e tinha que ser mudado.
Depois, deixou uma série de interrogações, perguntando se Portugal votou a favor do orçamento do Eurogrupo a mandato de quem e se desrespeitando a posição do Governo?
“Do primeiro-ministro?”, que disse estar em desacordo, questionou.
E se quem representou o Governo português na reunião que deu “luz verde” ao orçamento do Eurogrupo criticado por Costa foi o secretário de Estado das Finanças, Mourinho Félix, “quem defende os interesses de Portugal?”, interrogou.
A líder da bancada do CDS deixou mais uma pergunta: “Para Mário Centeno ser presidente do Eurogrupo ninguém fica a representar os interesses de Portugal?”.
E sobre o orçamento, colocou-lhe dois rótulos - “sem reformas, sem rasgo” –, acrescentou que nada faz para que o país deixe de ser o “país que menos cresce na Europa” e que tem “mais e mais carga fiscal”.
“Quem pagou as contas certas de que o Governo tanto se gaba foram os contribuintes portugueses”, afirmou.
Nas perguntas e respostas que se seguiram, Duarte Alves do PCP acusou Cecília Meireles de ter pertencido a um Governo responsável por um “aumento brutal de impostos” e de ter reduzido o IRC para as grandes empresas.
Fernando Anastácio, do PS, também anotou “alguma nostalgia” do “brutal aumento de impostos” ou “do famigerado corte das pensões”, mas nada disse sobre “a tensão” entre Costa e Centeno.
Pelo PSD, Duarte Pacheco ironizou com o epíteto de “orçamento histórico” que Mário Centeno usou relativamente ao OE2020, mas usou o carimbo de “histórico” por outros motivos.
“Tem toda a razão: este é um orçamento histórico, com a maior carga fiscal de sempre”, afirmou o deputado, que já não teve tempo para enumerar os 15 impostos que, segundo disse, executivo do PS aumentou neste orçamento.
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