“Ouvi na noite eleitoral a direção do partido dizer que aumentámos expressivamente o número de autarcas, hoje já disseram que ainda não estava apurado o número de autarcas. Estas duas afirmações não podem simultaneamente ser verdadeiras”, afirmou Cecília Meireles, em declarações à agência Lusa.
A deputada apelou depois à direção que torne público “quantos vereadores tem o CDS agora, quantos eleitos para assembleia municipal e quantos eleitos para as assembleias de freguesia”.
Cecília Meireles defendeu que nas últimas eleições autárquicas, de 26 de setembro, o CDS-PP “diminuiu no número de votos”, mesmo tendo em conta aqueles conseguidos em coligação com o PSD.
“Votos ou se tem mais ou se tem menos, e os votos que tivemos a mais em coligações não foram suficientes para recuperar aqueles que se perderam sozinhos”, argumentou.
Em declarações à agência Lusa depois de intervir no Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre congressos e que decorre à porta fechada, por videoconferência, a parlamentar lamentou que se assista a uma “guerra de números” e “troca de insultos pessoais”.
“Não podemos estar a ter uma discussão sobre se há mais ou menos mandatos. Isso é absurdo, é um facto, não é uma opinião”, salientou.
Os críticos da direção têm questionado a leitura dos resultados eleitorais da direção do partido, incluindo no Conselho Nacional de hoje, segundo relataram à Lusa fontes presentes na reunião.
Na reunião de hoje, o presidente do partido indicou que a sua direção ainda está a “fazer o apuramento” dos resultados.
Na ótica de Cecília Meireles, é preciso “passar ao essencial”.
“O essencial que temos para discutir é o papel do CDS no país, não são estas coisas. Apelava a que os ânimos se acalmassem e pudéssemos ter uma discussão racional e serena. E o primeiro passo para isso é transparência em relação a coisas que são factuais e que são fácies de apurar, designadamente votos e mandatos”, afirmou.
Lembrando que já foi “muitas vezes candidata em coligação”, mas também “candidata sozinha”, a centrista defendeu que “as direitas devem ter um projeto de entendimento para criar uma alternativa no país”.
“Eu quero que o CDS seja uma dessas direitas, não quero que se funda no PSD”, defendeu, apontando que “uma coligação não é uma fusão”.
“E de facto aqui isto é uma questão de opinião e é a minha opinião, acho que este risco existe e essa é a escolha que o CDS tem agora”, salientou.
Questionada se isto é um aviso para as eleições legislativas, uma vez que o presidente do partido já admitiu uma coligação pré-eleitoral com o PSD, Cecília respondeu negativamente e considerou que este é um tema que “é relevante que se discuta no congresso”.
Cecília Meireles justificou também esta tomada de posição pública defendendo que “este é o momento” para os militantes do partido exprimirem “com liberdade a sua opinião”.
“A partir do momento em que vejo logo na abertura do Conselho Nacional o presidente do partido fazer uma declaração que é claramente a de um candidato e não de um presidente, não vejo que um deputado tenha agora mais obrigação de reserva do que o presidente do partido”, apontou, referindo que “isso seria negativo e bizarro mesmo”.
O Conselho Nacional do CDS-PP está reunido por videoconferência e à porta fechada desde cerca das 11:00, para analisar os resultados das eleições autárquicas e marcar o 29.º congresso do partido, que será antecipado, e deverá realizar-se em 27 e 28 de novembro.
São candidatos à liderança do CDS o atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, e o eurodeputado centrista e presidente da distrital de Braga, Nuno Melo.
Comentários