No Dia Mundial do Professor, centenas de educadores e docentes de todo o país encontraram-se em Lisboa, onde recordaram reivindicações antigas como a necessidade de aumentar os salários e reduzir a idade da reforma.
Num encontro organizado pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), o líder da federação, Mário Nogueira, defendeu que é preciso criar uma carreira mais atrativa que mantenha os que ainda estão nas escolas e que atraia os jovens e os que optaram por abandonar a profissão antes do tempo.
Uma carreira “mais curta” e com salários mais altos foram duas das medidas defendidas pelo secretário-geral da Fenprof, que acredita que assim a profissão será “mais atrativa para os jovens”.
Mário Nogueira defendeu um regime de avaliações sem quotas e lembrou que é preciso acabar com as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, que impedem milhares de profissionais de progredir na carreira.
Os professores, pela voz de Mário Nogueira, voltaram hoje a pedir um horário de trabalho de 35 horas semanais, lembrando que os docentes estão sobrecarregados com tarefas que exigem muitas horas de trabalho que acaba por ser roubado ao tempo de descanso.
“A falta de professores terá de ser resolvida, antes de mais, com os que existem, evitando novos abandonos e recuperando quem saiu precocemente”, defendeu.
Para o líder da Fenprof, a solução poderá passar pela revisão do Estatuto da Carreira Docente, cujas negociações começam a 21 de outubro, uma vez que acredita que este diploma será a “peça-chave” para valorizar a profissão e torná-la atrativa.
A 17 de outubro, os professores voltam a concentrar-se, mas desta vez será em frente ao ministério da educação, para contestar as regras de atribuição de uma verba aos professores que ficam colocados longe de casa numa das escolas que estão identificadas como tendo uma falta sistemática de docentes.
Para a Fenprof, a verba atribuída é baixa e deveria ser aplicada a todos os docentes e não apenas àquelas que ficam colocados num dos 234 agrupamentos com mais alunos sem aulas. A medida anunciada pela tutela prevê que os professores colocados nas escolas dos restantes 574 agrupamentos não tenham direito a esse apoio financeiro, o que para a Fenprof é uma “discriminação”.
Antes disso, já na próxima semana, a Fenprof leva a cabo um plenário nacional 'online', para debater esta questão do apoio extraordinário atribuído a quem fica colocado longe de casa numa escola onde há mais alunos sem aulas.
A manifestação de professores de hoje começou ao início da tarde, com uma concentração na Praça do Rossio, em Lisboa, e terminou três horas depois no Largo de Camões, depois de uma tarde repleta de discursos sobre “o respeito pelos professores” e a “valorização da escola”, resumiu José Feliciano Costa, secretário-geral adjunto da Fenprof.
Manuela Mendonça, do Conselho Nacional da Fenprof, lembrou que hoje é o dia de “celebrar a profissão dos professores em todo o mundo e de fazer um balanço dos avanços registados e do que ainda falta fazer”.
Nesse sentido, também Mário Nogueira homenageou todos aqueles que vivem “em países massacrados pela repressão, pela invasão e pela guerra e não abandonam os seus alunos, arriscando a vida, muitos deles perecendo sob o fogo criminoso”.
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