“Nós, na Madeira, não podíamos ficar indiferentes a este ponto de encontro mundial de luta pela liberdade na Venezuela. Hoje é um dia muito apreensivo, mas, no fundo, com uma esperança enorme de que a situação na Venezuela melhorará muito em breve”, disse Lídia Albornoz, membro do grupo ConVZLA Portugal, que organizou o protesto no Funchal.

Os manifestantes desfraldaram uma bandeira da Venezuela na Praça do Povo, no centro do Funchal, entoaram o hino nacional do país e gritaram palavras de ordem, como “liberdade” e “Venezuela livre”.

“Pode haver uma mudança [nas próximas 24 horas], pode haver um começo de mudança”, declarou Lídia Albornoz, para logo reforçar: “Sabemos que nenhum ditador vai sair tão facilmente do poder. No entanto, um povo unido jamais será vencido e é isso que o povo da Venezuela está a fazer neste momento.”

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, toma posse pela terceira vez consecutiva na sexta-feira, num contexto marcado por acusações de fraude eleitoral, pelo descontentamento populacional e fortes críticas da comunidade internacional e da oposição.

A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, reapareceu hoje num protesto em Caracas cercada por centenas de apoiantes, depois de permanecer escondida desde 28 de agosto.

Mais de quatro meses depois da sua última aparição pública e na véspera da posse presidencial, que tanto o Presidente, Nicolás Maduro, quanto o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, prometem assumir, Machado saiu às ruas para reclamar, mais uma vez, a vitória da oposição nas eleições presidenciais de 28 de julho.

Na Madeira, a comunidade venezuelana está confiante, disse Lídia Albornoz, que Edmundo González, atualmente exilado em Espanha, vai entrar no país e tomar posse como Presidente, porque foi o “vencedor das eleições”.

A manifestação organizada no Funchal pelo grupo ConVZLA Portugal, que decorre em simultâneo com protestos em Aveiro, Porto, Faro, Beja e Lisboa, contou também com a participação de representantes de vários partidos com assento no parlamento regional, nomeadamente PSD, PS, Chega, CDS-PP e PAN.

“É muito bom criarmos esta energia positiva, para os que estão em luta lá [na Venezuela] saibam que os de fora também estão preocupados com eles”, disse Lídia Albornoz.

A comunidade venezuelana residente da Madeira está estimada em cerca de 10 mil pessoas, sendo que naquele país da América do Sul residem aproximadamente 300 mil madeirenses.

Em 28 de julho de 2024, a Venezuela realizou eleições presidenciais, cuja vitória foi atribuída pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos, ao passo que a oposição afirma que Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

Tanto a oposição venezuelana como vários países da comunidade internacional denunciaram os resultados como fraudulentos e exigiram a apresentação dos registos de votação para que pudessem ser verificados de forma independente, o que levou à contestação dos resultados nas ruas.

Após a sua vitória contestada, Maduro reprimiu os protestos em massa que contestavam a legitimidade do seu Governo e das eleições, o que resultou na morte de 28 pessoas, cerca de 200 feridos e 2.400 detidos, três dos quais morreram na prisão.

Em 02 de janeiro, as autoridades venezuelanas ofereceram uma recompensa de 100 mil dólares (cerca de 97,4 mil euros) por informações sobre o paradeiro de Urrutia.