Personalidades conversadoras, algumas da corrente ultraconservadora, moderados, diversos religiosos de segunda linha e quatro mulheres entraram na corrida, indicaram os ‘media’ oficiais na segunda-feira, último dia para a apresentação das candidaturas.
Mahmoud Ahmadinejad é o candidato mais conhecido e aos 67 anos procura regressar ao cargo de Presidente, que ocupou entre 2005 e 2013. Os seus dois mandatos consecutivos estão associados a declarações implacáveis sobre Israel e fortes tensões com o ocidente, sobretudo em torno do programa nuclear iraniano.
Dois outros veteranos da República islâmica estão na competição: Ali Larijani, antigo presidente do parlamento e considerado moderado, e Said Jalili, antigo negociador ultraconservador do ‘dossier’ nuclear.
O presidente do município de Teerão, Alireza Zakani, o antigo governador do Banco central, Abdolnasser Hemmati, e Eshaq Jahangiri, antigo primeiro-vice-presidente de Hassan Rouhani (na presidência entre 2013 e 2021) também apresentaram a sua candidatura.
Na segunda-feira, um dos últimos a depositar a sua participação foi o presidente conservador do parlamento, Mohammad-Baqer Qalibaf. Nas suas declarações, disse estar em condições de resolver “os problemas” que o Irão enfrenta, citando “a pobreza”, “as desigualdades”, o acesso à “internet” e as “sanções” impostas pelos Estados Unidos.
Pelo contrário, Mohammad Mokhber, presidente interino desde a morte de Raisi, não se declarou candidato.
A aceitação das candidaturas depende de uma autorização final proveniente do Conselho dos guardas da Constituição, um órgão não eleito dominado pelos conservadores.
Os seus 12 membros — seis religiosos nomeados pelo Guia supremo e seis juristas — vão decidir até 11 de junho quem está autorizado a entrar em campanha, que se iniciará no dia seguinte.
Nas eleições de 2021, esta instância apenas autorizou sete das 592 candidaturas, eliminando numerosas personalidades reformistas e moderadas e permitindo uma folgada vitória à primeira volta de Ebrahim Raisi, candidato do campo conservador e ultraconservador.
Perante esta situação, muitos eleitores optaram por não comparecer nas assembleias de voto, registando-se a mais baixa taxa de participação em eleições presidenciais (49%) desde a revolução islâmica de 1979.
Entre os candidatos que agora se apresentam, Ahmadinejad foi desclassificado nas eleições de 2017 e 2021, e Larijani em 2021.
Nenhuma mulher estava autorizada a candidatara-se desde o início da República islâmica, mas em 2021 o Conselho dos guardas reverteu essa decisão ao considerar não existir qualquer obstáculo jurídico.
Este ano, a antiga deputada Zohreh Elahian espera obter autorização após ter apresentado a sua candidatura.
Esta física de 56 anos defende o uso obrigatório do véu islâmico para as mulheres e solidarizou-se com a firmeza do Governo face às manifestações durante o vasto movimento de protesto que abalou o país no final de 2022 após a morte de Masha Amini.
Três outras ex-deputadas estão na corrida, incluindo a reformadora Hamideh Zarabadi, que na segunda-feira se apresentou com um véu colorido.
Ao contrário da maioria dos países, o Presidente não é o chefe de Estado, função antes atribuída ao Guia supremo, atualmente o ‘ayatollah’ Ali Khamenei, 85 anos e no cargo há 35 anos.
No entanto, o Presidente desempenha uma função importante na direção do Governo e da sua política, devido à inexistência do posto de primeiro-ministro.
Cinco dos oito presidentes desde 1979 eram provenientes dos círculos religiosos.
Para ser eleito à presidência é necessário ter uma idade entre os 40 e os 75 anos, titular de pelo menos um mestrado universitário e ser leal à República islâmica.
Na segunda-feira, durante um discurso, o ‘ayatollah’ Khamenei apelou a uma participação “em grande número” nas presidenciais, por se tratar de um “assunto importante”.
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