O "Vistas" (Vila Nova de Cacela) é um dos quatro restaurantes portugueses que ganharam a primeira estrela (‘cozinha de grande nível, compensa parar') no Guia Michelin Espanha e Portugal, cuja edição de 2020 foi apresentada hoje à noite em Sevilha, Espanha.
"É um sentimento de uma longa viagem e finalmente o regresso a casa", comentou Rui Silvestre, há cerca de um ano à frente do "Vistas".
O ‘chef' foi, aos 29 anos, mais jovem em Portugal a conquistar uma estrela Michelin na edição de 2016 do guia ibérico, na altura para o restaurante "Bon Bon" (Carvoeiro), onde se manteve até ao ano passado.
A "receita", disse, foi a mesma que há quatro anos: "O trabalho de equipa", além da procura do "melhor produto", como o marisco e o peixe do sotavento algarvio.
"Tenho a sorte de ter uma equipa cada vez mais forte e mais coesa, que trabalha com muito afinco e dedicação e este prémio é sobretudo para eles", afirmou, momentos depois de ter recebido a distinção.
Outro ‘chef' que regressa ao Guia Michelin é Vincent Farges, que durante cerca de 10 anos garantiu uma estrela para a "Fortaleza do Guincho", de onde saiu em 2015.
Regressado a Portugal há cerca de dois anos, abriu o restaurante "EPUR", em Lisboa, outra das novidades do Guia Michelin de 2020.
Farges considera a distinção como um reconhecimento de "um trabalho bem feito", mas que, admitiu, foi "muito complicado e muito duro".
"Fizemos um trabalho com muitos esforços e sacrifício para tentar conquistar este título, foi um trabalho muito difícil e hoje é a recompensa para a equipa", comentou, adiantando que, "sem a estrela Michelin, é complicado manter a equipa estável e a trabalhar".
"Sem estrela Michelin, ainda vivemos muito bem, agora havemos de ter dias ainda melhores, mas o mais complicado é manter a estrela", reconheceu.
Já Diogo Rocha mostrou-se satisfeito por ajudar a colocar Viseu no "mapa da alta gastronomia portuguesa", com a conquista da primeira estrela para o "Mesa de Lemos" (Passos de Silgueiros), que afirmou ser "o resultado de muito trabalho de toda a equipa, e também da estrutura" do restaurante.
No "Mesa de Lemos", 98% dos produtos - à exceção do café e do chocolate - são portugueses, aplicados numa "cozinha com técnicas atuais, com uma base de cozinha de sabores portugueses, bem saborosa", relatou.
O ‘chef' afirmou que, para já, interessa manter a distinção.
"No meu projeto, o ‘Mesa de Lemos' é um restaurante de uma estrela e é essa estabilidade que vamos procurar, garantir esta segurança para o cliente e para nós próprios e depois, se calhar, daqui a uns anos pode ser que o discurso mude", comentou.
O basco Martín Besarategui, que hoje recebeu uma estrela no restaurante "Fifty Seconds", em Lisboa, e outra no "Ola Martín Berasategui" (Bilbao, Espanha), acumula já um total de 12 estrelas nos dois países.
"Sou o cozinheiro com mais estrelas Michelin no seu país em todo o mundo", adiantou.
Sobre o restaurante em Portugal, "o primeiro na Europa" (fora de Espanha), era um projeto irrecusável: "A torre mais alta de Lisboa, um elevador que demora 50 segundos a chegar lá acima e 360 graus de vista panorâmica".
O ‘chef' descreveu Portugal como "a inveja de todo o mundo" pela "qualidade das matérias-primas e onde todos se sentem super queridos".
Sobre o futuro do seu restaurante português, comandado pelo chefe executivo Filipe Carvalho, Berasategui avisou que não pretende ficar pela primeira estrela: "Eu sou um inconformado por natureza".
Na edição do próximo ano, o restaurante "Casa de Chá da Boa Nova" (Leça da Palmeira, ‘chef' Rui Paula) ganha a segunda estrela, enquanto três estabelecimentos portugueses perdem a estrela que detinham: "L'And Vineyards" (Montemor-o-Novo, ‘chef' José Miguel Tapadejo, após a saída de Miguel Laffan), Willie's (Vilamoura, ‘chef’ Willie Wurguer) e "Henrique Leis" (Almancil, ‘chef' Henrique Leis).
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