“Esta é uma das questões políticas mais importantes em cima da mesa: quem vai pagar a reconstrução da Ucrânia?”, disse Borrell numa entrevista ao jornal Financial Times.

“Eu seria muito a favor [de usar as reservas] porque faz muito sentido. Temos o dinheiro nos nossos bolsos e alguém teria de me explicar por que é que isso pôde ser feito com o dinheiro afegão, mas não pode ser feito com o dinheiro russo”, argumentou o Alto Representante dos Negócios Estrangeiros da UE.

Na visita à Ucrânia, na passada semana, a líder da Casa de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, já tinha feito o desafio aos países europeus para que seguissem essa estratégia defendida pelo Governo do Presidente Joe Biden, usando dinheiro russo congelado para a reconstrução das cidades ucranianas.

Borrell referia-se ao facto de o Governo dos Estados Unidos ter assumido o controlo de vários milhares de milhões de dólares em ativos congelados do banco central do Afeganistão para compensar as vítimas do terrorismo e pagar a ajuda humanitária a esse país, alegando que o mesmo pode ser feito na Ucrânia com recurso a dinheiro russo.

O jornal lembra que, em março, a Rússia quantificou em cerca de 300 mil milhões de euros as suas reservas de ouro e moeda congeladas por países aliados contra o Kremlin, através de múltiplas sanções por causa da invasão da Ucrânia.

Em resposta a esta ideia de Borrell, a Rússia defendeu que usar as suas reservas congeladas para cobrir os custos da reconstrução da Ucrânia iria minar a confiança na UE.

“Seria a destruição dos próprios fundamentos das relações internacionais. E essas decisões, se tomadas, afetarão os próprios europeus e o seu sistema financeiro e minarão a confiança na Europa e no Ocidente em geral. Seria a anarquia completa, a lei da selva”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Gruskó, segundo a agência TASS.