“Só no final dessas reuniões é que vamos ver se há entendimento ou não. Não está garantido nenhum entendimento para já”, afirmou.
O líder do Chega madeirense disse ainda que na quinta-feira irá ter uma reunião bilateral com o Governo Regional, na qual pretende apresentar uma série de propostas para serem incluídas no Programa do executivo madeirense, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque.
Miguel Castro falava à saída da reunião que o Governo da Madeira manteve hoje com Chega, IL e PAN para consensualizar um Programa do executivo que possa ser aprovado no parlamento.
PS e JPP também foram convidados, mas recusaram o convite.
Na quarta-feira, Miguel Albuquerque anunciou a retirada da discussão do Programa do Governo, que seria chumbado no parlamento madeirense no dia seguinte, uma vez que PS, JPP e Chega, que somam um total de 24 deputados dos 47 que compõe o hemiciclo, anunciaram o voto contra.
Após o anúncio, o executivo madeirense convidou todos os partidos com assento parlamentar para uma reunião, hoje, para consensualizar propostas para o Programa do executivo.
Miguel Castro admitiu que houve da sua parte uma “mudança de discurso”, justificando-a uma “mudança de discurso também por parte do Governo”.
“A mudança de posição foi por parte do Governo Regional” e consistiu em “negociar com os partidos”, afirmou.
“Não tínhamos sido ouvidos e agora fomos pela primeira vez”, realçou, considerando que as negociações são a base da democracia.
Apesar da abertura para negociar com o Governo da Madeira, o líder do Chega insistiu na saída de Miguel Albuquerque e admitiu que o afastamento do chefe do executivo madeirense é “uma bandeira” do Chega.
“Vamos insistir [nesse afastamento] até o último minuto, até o último segundo”, assegurou.
“Mesmo que Miguel Albuquerque insista em ser o presidente do Governo Regional, não tem maioria parlamentar”, o que permite aos outros partidos aprovarem as suas propostas e “terem uma fiscalização muito mais apertada sobre o PSD”, acrescentou Miguel Castro.
Para o líder do Chega/Madeira, este “é o único sinal positivo no meio desta equação toda” porque “serão os partidos que estão com assento parlamentar que terão esse domínio na Assembleia” Regional.
“Já dissemos ao que vínhamos, sabemos também que esta é a oportunidade de todos os partidos na Assembleia Legislativa Regional terem poder sobre o partido que sustenta o Governo [da Madeira]”, enfatizou.
O líder parlamentar da bancada do Chega, composta por quatro deputados, disse ainda que a situação que se vive atualmente começou com Miguel Albuquerque a garantir que “tinha já o aval de todos os partidos, de todas as forças políticas para formar governo, quando não era verdade”.
Miguel Castro rejeitou ter sido o Chega a mudar de posição em relação ao que transmitiu ao representante da República sobre viabilizar uma solução de Governo Regional do PSD, antes ainda da indigitação de Miguel Albuquerque como líder do executivo.
Ainda segundo Miguel Castro, o Chega/Madeira “está preparado para ir a eleições em qualquer altura” e a estrutura regional “está em consonância” com a posição do líder nacional do partido, André Ventura.
Nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta (para a qual são necessários 24), o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.
Já depois das eleições, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos.
Em 28 de maio, depois de ter ouvido todos os partidos com assento parlamentar e decidido indigitar Albuquerque, Ireneu Barreto afirmou que “a solução apresentada pelo partido mais votado, o PSD, que tem um acordo de incidência parlamentar com o CDS, e a não hostilização, em princípio, do Chega, do PAN e da IL terá todas as condições de ver o seu programa aprovado na Assembleia Legislativa”.
Também Miguel Albuquerque, em declarações aos jornalistas, no dia seguinte, antes da indigitação, assegurou que não iria “haver problemas” na aprovação do Programa do Governo e do Orçamento Regional, perspetivando o apoio dos partidos que se dizem “antissocialistas”.
Já o líder do Chega/Madeira, após ter sido ouvido por Ireneu Barreto, disse aos jornalistas que transmitiu ao representante da República que “o Chega é um partido responsável” e que não seria pelo Chega que não haveria governo na Região Autónoma da Madeira. Não confirmou, ainda assim, se viabilizaria, ou não, o Programa do Governo, necessário para a posterior aprovação de um orçamento regional.
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