Numa região de França, a réplica de bronze de uma estatueta de uma coruja, que estava enterrada há mais de 30 anos, foi, finalmente, encontrada, avança o The Guardian.
Esculpida pelo escritor francês Michel Becker, que ilustrou o livro "On the Trail of the Golden Owl" (em português, "Na Trilha da Coruja Dourada"), publicado em 1993, a estatueta original de ouro e prata foi prometida a quem desvendasse em primeiro lugar as pistas, escondidas nas páginas do livro, que levavam ao lugar onde o objeto estava enterrado.
A "caça ao tesouro" foi inspirada em "Masquerade" (em português, "Disfarce"), um best-seller do britânico Kit Williams, em 1979, que vendeu mais de um milhão de cópias e desencadeou - até ser encontrada, três anos depois, num parque em Bedfordshire -, uma busca nacional por uma lebre de ouro, com 18 quilates.
Segundo as regras da "caça" francesa, quem encontrasse a réplica de bronze da coruja teria o direito de trocá-la pela original de Becker. Na época do lançamento do livro, o objeto valia um milhão de francos, o que hoje equivale a 300.000 euros.
No entanto, o vencedor da "caça ao tesouro" precisava ainda de provar que tinha chegado ao local onde a réplica estava enterrada ao resolver os 11 enigmas misteriosos propostos pelo autor do livro, Max Valentin, e não através de outros meios, como o detetor de metais.
A procura pela coruja dourada durou 31 anos, sendo que a caça ganhou ainda mais popularidade após o aparecimento da internet e durante os confinamentos no seguimento da pandemia da covid-19.
Durante os últimos anos, foram criados fóruns online, onde os "caçadores de tesouros" trocavam ideias e teorias, ao ponto de construírem um banco de dados. Com o tempo, os utilizadores chegaram a um consenso sobre a interpretação dos vários enigmas.
Porém, ninguém conseguiu resolver o 12.º enigma, final e oculto, composto por partes variadas dos outros 11 mistérios.
Inclusive, os "caçadores" mais velhos reclamaram que as inúmeras possibilidades discutidas online complicaram a tarefa.
Esta caça ao tesouro motivou vários processos judiciais, entre eles, um movido pelo próprio Becker contra a família de Valentin para saber o paradeiro exato do objeto enterrado, uma vez que o autor do livro, cujo nome verdadeiro era Régis Hauser, morreu em 2009.
Na época, o escultor tinha a coruja dourada em sua posse, mas não a carta, onde Valentin – a única pessoa que sabia onde a réplica estava enterrada – descrevia as soluções para os enigmas, e que estava na posse dos seus familiares.
Por sua vez, Becker foi processado por caçadores de tesouros, depois de o francês tentar vender a coruja original. O juiz, a quem foi apresentado, decidiu, contudo, que a escultura não poderia ser vendida, uma vez que, legalmente, a mesma pertencia à pessoa que ainda haveria de encontrar a réplica.
Ansioso para que a "caça" chegasse ao fim, nos últimos anos, Becker divulgou várias pistas sobre a localização da coruja replicada.
Na passada quinta-feira, os "caçadores de tesouros" lamentaram o fim da procura. No entanto, nas redes sociais mostravam-se curiosos para saber quem encontrou o objeto e onde estava enterrado, informações que, até ao momento, não são conhecidas.
A "caça ao tesouro" mais longa do mundo deverá ser a procura por 12 caixas de tesouros - até agora, foram apenas encontradas três -, enterradas em locais secretos nos Estados Unidos da América (EUA) e no Canadá, após o lançamento do livro de Bryon Preiss, em 1982, "The Secret" (em português, "O Segredo").
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