O GNE estima que, em 2019, a taxa de natalidade do país mais populoso do mundo caiu para um novo recorde mínimo de 1,05% – um sinal ameaçador para um país que vai começar a enfrentar uma escassez de trabalhadores jovens nas próximas décadas.
No total, nasceram 14,65 milhões de bebés na China, menos 580.000 do que em 2018, quando aquela cifra foi já a menor desde 1961, ano em que o país atravessou um grave período de fome, na sequência do Grande Salto em Frente.
Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões. Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e embora tenha aberto novas creches, passando a oferecer incentivos à natalidade.
O diretor do GNE, Ning Jizhe, reconheceu o declínio demográfico, mas ressalvou que a redução homóloga da taxa de natalidade é “menor do que a registada nos dois anos anteriores”.
Ning apontou ainda que 57% dos nascidos em 2019 são a segunda criança, defendendo que a abolição da política ‘um só filho’ está a surtir efeito.
No entanto, o objetivo da abolição daquela política, que vigorou entre 1980 e 2016, era atingir cerca de 20 milhões de nascimentos anualmente.
Contudo, altos custos do ensino ou saúde ou o foco na carreira pelas mulheres chinesas desencorajam os casais de ter filhos.
Um relatório publicado no ano passado por uma unidade de investigação do Governo chinês alertou que a população chinesa vai entrar num declínio “imparável”, nas próximas décadas, e terá uma população ativa cada vez menor, mas que terá de sustentar uma sociedade mais envelhecida.
O rácio de dependência do número de trabalhadores em relação à população que não trabalha (sobretudo crianças e reformados) continuará a aumentar e as previsões mais negativas apontam que a sociedade chinesa se arrisca a “envelhecer antes de ficar rica”.
Em 2019, a percentagem de chineses com 60 anos ou mais correspondia a 18,1% do total, enquanto aqueles com mais de 65 anos representavam já 12,6%. No ano anterior, aqueles grupos demográficos compunham 17,9% e 11,9%, respetivamente, do total da população chinesa.
“Estes são aumentos muito pequenos em comparação com os anos anteriores”, ressalvou Ning, que, no entanto, reconheceu que o Governo chinês deve lidar com as “mudanças estruturais na população, principalmente com o envelhecimento”.
Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, cerca de 18% da humanidade, a China é o país mais populoso do mundo.
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