Especialistas da Universidade de Granada (UGR), em Espanha, liderados pelo investigador de pós-doutoramento Antonio Castellano, estão a trabalhar neste projeto pioneiro que procura converter as águas residuais salinas numa fonte de energia sustentável.

O objetivo do estudo é desenvolver um sistema baseado em células de combustível microbianas que não só trate as águas residuais da indústria de conservas, mas também gere eletricidade.

Esta abordagem integra um fotobiorreator como cátodo para otimizar o desempenho energético e ambiental do sistema, conseguindo assim uma tecnologia de emissão zero de gases com efeito de estufa e consumo zero de energia, graças à utilização de microalgas (biofábrica de células de combustível microbianas, MFCB).

Atualmente, a tecnologia da biofábrica MFCB tem patente pendente, o que a torna um marco na inovação tecnológica.

O sistema MFCB desenvolvido pela UGR é constituído por duas câmaras de metacrilato transparentes (câmaras anódica e catódica) com sistemas de agitação integrados e ligadas por uma membrana de troca de protões e catiões.

Todos os anos, a indústria de conservas gera milhões de litros de águas residuais com elevados níveis de matéria orgânica, nutrientes e salinidade, dificultando o tratamento através de processos biológicos convencionais.

Além disso, as atuais estações de tratamento consomem quantidades significativas de energia, contribuindo para as alterações climáticas.

"Perante este desafio, as biofábricas microbianas estão a surgir como uma alternativa sustentável que não só elimina os poluentes, como também produz energia e outros produtos valiosos", explicou o investigador da UGR Antonio Castellano.

Dois estudos recentes do projeto, publicados no Journal of Water Process Engineering e Applied Microbiology and Biotechnology, detalham o desenvolvimento e a otimização do sistema MFCB sob diferentes condições de operação.

Ao integrar variáveis físico-químicas, microbiológicas e de produção de energia, os resultados da investigação têm implicações importantes para a bioengenharia e demonstram que a tecnologia MFCB pode tratar efluentes salinos e produzir eletricidade de forma sustentável.