A ausência de policiamento de jogos da I Liga de futebol deste fim de semana continua a causar ondas de choque no país. O tenente Afonso Viana, comandante em suplência da Companhia do Minho da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, foi afastado do cargo devido aos contornos da partida entre o Vizela e o Vitória de Guimarães que decorreu este domingo, noticia "O Minho".
Segundo o órgão noticioso regional, Viana tem de se apresentar esta segunda-fera junto do Comando Nacional da UEPS para justificar a ausência dos seus militares para policiar este evento.
Os cerca de 40 membros da GNR sob a dependência do tenente Afonso Viana estão a cumprir um protesto a decorrer a nível nacional, encontrando-se quase todos de baixa médica. Como tal, não foi possível enviar militares para policiar o jogo e suprimir a falta de oficiais do Comando Territorial de Braga da GNR, também eles de baixa médica.
Entretanto, o afastamento de Afonso Viana está a causar um clima de revolta entre os oficiais da GNR da UEPS e também do Comando Territorial de Braga.
Os elementos PSP e da GNR exigem um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, estando há mais de três semanas em protestos numa iniciativa de um agente da PSP em frente à Assembleia da República, em Lisboa, que depois se alargou a todo o país.
A plataforma que congrega sindicatos e associações das forças de segurança escreveu ao primeiro-ministro sobre a “situação limite” dos profissionais que representam, alertando para um eventual “extremar posições” perante a “ausência de resposta” do Governo.
A PSP indicou, na sexta-feira, que polícias de vários comandos do país tentaram entregar as armas de serviço como forma de protesto e avançou que existe “um número de baixas médicas superior ao habitual” entre os agentes.
Este sábado, numa entrevista à estação televisiva SIC Notícias o presidente do Sindicato Nacional da Polícia disse que não só os jogos de futebol estão em risco como também podem estar as eleições legislativas, porque são os polícias que transportam as urnas de voto.
Estas declarações surgiram após o adiamento do encontro Famalicão-Sporting, devido à falta de elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP). Entretanto, o ministro da Administração Interna anunciou no domingo que vai participar ao Ministério Público todos os novos indícios de incitamento à insubordinação, a sua prática e eventual ligação a movimentos extremistas, praticados pelas forças policiais.
Para José Luis Carneiro, o direito à manifestação é legitimo e tem sido legitimamente exercido, mas não pode ser confundido com indisciplina e atos de insubordinação que coloquem em risco o estado de direito.
Nesse sentido, o ministro disse que não permitirá atos que possam colocar em causa a segurança dos cidadãos, tendo já mandado instaurar processos de inquérito disciplinar.
José Luis Carneiro garantiu que, “por intermédio” do comandante-geral da GNR e do diretor nacional da PSP, não permitirá "atos que possam colocar em causa a segurança dos cidadãos”.
Além dos inquéritos em curso, o governante determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a instauração urgente de inquéritos relativos ao policiamento dos jogos Famalicão-Sporting e Leixões-Nacional da Madeira e às suas consequências e revelou que a PSP está a concluir a identificação dos autores dos desacatos e agressões em Famalicão, que irá participará ao Ministério Público.
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