"Que belo candidato serias há 7 anos. Provavelmente teríamos tido a oportunidade de evitar muitos dos erros que se cometeram ao longo destes anos", afirmou Filipe Lobo d'Ávila, do grupo Juntos pelo Futuro, no período de debate das moções de estratégia global no 29.º Congresso.

E defendeu que o CDS tem de “aprender verdadeiramente a lição com o que fez mal ao longo dos últimos anos”.

"Se queremos iniciar um novo ciclo, não vale a pena atirar o pó para debaixo do tapete, é preciso sacudi-lo, falar dos problemas, dos erros, é preciso falar das incompetências, incompreensões e dos espetáculos deprimentes que demos ao longo dos últimos dois anos", defendeu.

Lembrando que foi candidato à liderança no último congresso e que aceitou integrar as listas do líder, Francisco Rodrigues dos Santos, Filipe Lobo d’Ávila justificou que tomou essa decisão porque nessa altura “pouco mais podia fazer para ajudar o partido”, mas ressalvou que não aceita "lições de ninguém" nem a "chantagem de quem diz que discordar é o mesmo que conspirar".

O ex-vice-presidente afirmou que "poderia ser novamente candidato à liderança do CDS" mas "isso só serviria para continuarem os ataques internos".

Sobre a situação atual do CDS, que perdeu a representação parlamentar nas eleições legislativas de janeiro, o vice-presidente considerou que "houve erros, mas não foram exclusivos de Francisco Rodrigues dos Santos" e justificou que a "descaracterização do partido tem anos, tem causas profundas e bem sérias".

Dirigindo-se a Manuel Monteiro, que tinha discursado imediatamente antes, o antigo membro da direção afirmou que o CDS é a sua “casa” e lamentou que o partido tenha demorado “muito tempo” a recebê-lo de volta.

De seguida, subiu ao palco o ex-líder parlamentar do CDS Nuno Magalhães, que afirmou que este congresso é marcado pela "circunstância única" de o partido estar afastado do parlamento, mas disse estar certo que nas próximas eleições legislativas o partido voltará ao parlamento e "em força".

Nuno Magalhães, apoiante de Nuno Melo, revelou que, caso o eurodeputado vença o congresso, não irá assumir um "cargo mais presente ou visível", mas o partido poderá contar com ele.

No debate, a líder da distrital de Leiria, Rosa Guerra, lamentou os “ataques tumultuosos e constantes” que a direção sofreu ao longo do mandato por parte da oposição interna e considerou que esse foi um dos fatores que contribuiu para que o “partido tivesse o resultado que teve”.

Antes, na apresentação da moção "Pelas mesmas razões de sempre", subscrita por líderes de 11 distritais, o presidente da estrutura de Aveiro criticou o “clima de instabilidade deliberadamente criado nos últimos dois anos” e defendeu que, “para ter futuro o CDS tem de aprender a ser maior do que os seus conflitos”.

Fernando Almeida salientou ainda que esta moção "não é uma barriga de aluguer, não é filha de mãe solteira" nem um "trampolim para a presidência do partido".

O 29.º Congresso do CDS-PP reúne-se até domingo em Guimarães (distrito de Braga) para eleger o próximo presidente do partido.