“Estamos a fazer a nossa parte, a responder a um concurso e aguardamos que haja um desfecho formal. Para nós, o que é muito penalizante é o tempo e esforço que temos que fazer, porque são processos complexos, que exigem tecnicamente um envolvimento de bastantes recursos e meios”, lamentou António Carlos Fernandes Rodrigues.
O líder da construtora disse que este esforço, “multiplicado pelos concorrentes, significa muito dinheiro, e quando uma empreitada como esta não vai para a frente é um enorme prejuízo para todas as empresas”.
António Carlos Fernandes Rodrigues sublinhou que “quando se concorre tem que se ter noção da reserva de equipa, o que faz com que tenha que se tomar decisões e é sempre mau quando o processo não avança”.
“Quando ninguém ganha, é um prejuízo para o país”, afirmou.
Além disso, o presidente da Casais acredita que se levantam questões de concorrência “porque sendo esta uma proposta com componente técnica elevada, a partir do momento em que foi entregue, foi desvendada a vantagem técnica”.
“Ou seja, há quebra de confidencialidade que não sei como vai ser reposta, ou se é que é possível repor”, alertou.
“Vê-se pela diferença de valores que há abordagens técnicas diferentes e isso é uma vantagem das empresas que ficou muito devassada, e mesmo outros concorrentes que não concorreram poderão ter trabalho facilitado”, caso haja um novo concurso no futuro, considerou.
Questionado sobre a possibilidade de avançar com uma ação judicial pela suspensão do procedimento, António Carlos Fernandes Rodrigues disse apenas que a Casais não gosta “de perder tempo com o que não dá valor”.
Ainda assim, o presidente da construtora defendeu que “há um efeito que é importante” e que implica que quem tome uma decisão “suporte as consequências das mesmas”.
“Todas [as decisões] são aceitáveis tem é que haver consequências”, defendeu.
Durante a votação do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), no parlamento, foi votada a suspensão da construção da linha circular do Metropolitano de Lisboa, ao serem aprovadas duas propostas do PCP e do PAN que defendiam esse objetivo.
Em conferência de imprensa, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, considerou "irresponsável" a suspensão do projeto, alertando para a perda de 83 milhões de euros de fundos comunitários destinados a esta obra.
O ministro salientou que a decisão tomada na Assembleia da República "adia por três anos" qualquer obra essencial para Lisboa.
Além de se perderem os fundos comunitários, o ministro do Ambiente e da Ação Climática avisou que se “corre o risco” de serem pagas indemnizações quer aos empreiteiros que já apresentaram propostas aos concursos realizados, bem como a quem foi expropriado.
Para a empreitada entre a estação do Rato e a de Santos (Lote 1) foram apresentadas quatro propostas, pela Mota-Engil, SA / Spie Batignolles International, sucursal em Portugal, num valor de 49,6 milhões euros, Casais, Engenharia e Construção, SA / Acciona Construcion, SA (47,6 milhões de euros), Zagope, Construção e Engenharia, SA (48,6 milhões de euros) e também pela Teixeira Duarte, Engenharia e Construções, SA / Alves Ribeiro, SA / HCI – Construções, SA / Tecnovia, Sociedade de Empreitadas, SA, num montante de 77 milhões de euros.
Para o Lote 2, entre a estação Santos e o término da estação Cais do Sodré foram apresentadas duas propostas, pela Mota-Engil e Teixeira Duarte.
A Casais encerrou o ano de 2019 com uma faturação de perto de 520 milhões de euros, um aumento de 12% face a 2018, com 70% do negócio a estar localizado no estrangeiro, de acordo com o presidente da construtora.
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