Em causa está um estudo anual realizado pela terceira vez consecutiva no âmbito do Observatório do Consumo Consciente, pelo Fórum do Consumo em parceria com a Universidade Lusófona e o IADE/Universidade Europeia, que demonstrou que, ano passado, os consumidores portugueses estavam “mais preocupados com ambiente”, já que “as atitudes e preocupações ambientais aumentaram cerca de 8,5% face a 2016”, segundo as conclusões a que a agência Lusa teve acesso.
Contudo, ainda são poucos os que estão “dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis ou a pagar taxas ambientais”, refere o mesmo documento.
Em declarações à Lusa, o presidente do Fórum do Consumo, José António Rousseau, observou que “uma coisa é aquilo que as pessoas dizem que apoiam e outra é o que realmente fazem”.
“Este é um dos aspetos mais evidenciados pelo estudo: [os portugueses] querem ser amigos do ambiente, mas se tiverem de pagar um pouco mais por detergentes amigos do ambiente ou por produtos biológicos, não estão disponíveis para o fazer”, acrescentou o responsável.
O mesmo acontece com as taxas ambientais, de acordo com José António Rousseau, que salientou que, “se estas fossem criadas, as pessoas não gostariam e iriam opor-se”.
No estudo, o indicador das atitudes ambientais passou de 66,1 em 2016 para 69 no ano seguinte, continuando dentro do mesmo patamar de avaliação, o bom.
Ainda assim, no que toca à disponibilidade para “pagar mais por um produto com menos impacto ambiental ou a pagar uma taxa”, a pontuação já baixou para 45,3 no ano passado.
Em sentido inverso, a necessidade de “reduzir os níveis de consumo para melhorar o ambiente para as gerações futuras” teve uma pontuação de 79,9 em 2017.
Para este estudo, foram inquiridas 1.257 pessoas com mais de 15 anos residentes em todo o país, numa amostra representativa em termos de género, idade, região e dimensão dos agregados.
Dos inquiridos que afirmaram ter comprado detergentes não poluentes mesmo mais caros, e dos que disseram comprar comida biológica, destacaram-se os jovens dos 15 aos 24 anos e a zona do Alentejo.
O estudo mostra também que os consumidores portugueses adotam “comportamentos mais fáceis” como desligar as luzes e fechar a torneira, apontou o presidente do Fórum do Consumo.
Contudo, ainda revela que os consumidores portugueses “não usam muito as boleias nem os transportes públicos, continuando a preferir o automóvel particular”, assinalou José António Rousseau.
Se por um lado foram os jovens dos 15 aos 24 anos e da zona do Grande Porto que mais disseram usar transportes públicos, quem mais indicou usar o automóvel para deslocações diárias foi a população com mais de 65 anos e da zona do Alentejo.
O estudo é hoje apresentado na Universidade Lusófona, numa parceria com a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO).
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