A “única variável da equação” que é possível alterar é a taxa de contacto entre as pessoas, num modelo em que se compara a evolução da doença com outros países europeus, dizem os autores do Barómetro Covid-19, uma parceria Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)/Expresso.
O barómetro é um projeto de investigação que acompanha a evolução da pandemia em Portugal e cujos primeiros resultados foram divulgados hoje.
Os responsáveis salientam que como a epidemia chegou mais cedo a outros países pode-se analisar a evolução e o impacto das medidas, tendo sempre em conta diferenças como as densidades populacionais, comportamentos, serviços de saúde e mesmo capacidade de acolher ou impor medidas.
Nos últimos quatro dias, nota-se no estudo, houve um aumento percentual diário de novos casos entre 20% e 30%, enquanto nos 10 dias anteriores o aumento era de 30% e 50%, uma redução que “não indica um padrão claro” e nem é “um claro sinal de boas notícias”.
“O que sabemos? Que as curvas dos países analisados – Itália, Reino Unido e Espanha – têm uma evolução crescente acentuada, ou seja, são exponenciais no início, e que a curva de Portugal, à sua própria escala, segue o mesmo trajeto”, diz-se no documento hoje divulgado.
Da análise ressalta que, em termos médios, por cada 100 novos casos em Itália são esperados 11 em Portugal, por cada 100 novos casos em Espanha são esperados 26 em Portugal, e por cada 100 novos casos no Reino Unido são esperados 97 em Portugal, em momentos similares de evolução.
Basicamente tal significa que em Portugal se vai passar a mesma evolução da doença que em Itália, Espanha ou Reino Unido se em Portugal não se agir “de forma diferente”.
A evolução da doença depende, dizem os autores, da taxa de contacto (número de pessoas com quem alguém infetado contacta), da probabilidade de transmissão após contacto com uma pessoa infetada e da duração de tempo que o vírus sobrevive. E a única que se pode alterar é a da taxa de contacto.
Esperamos que “todos os cidadãos compreendam a importância do seu papel individual na alteração destas previsões” e que cumprir a medida de afastamento social é ajudar a travar a cadeia de transmissão, dizem os autores.
Portugal regista até agora 60 mortes e 3.544 infeções devido a um novo coronavírus, que provoca a covid-19, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
Das pessoas infetadas, 191 estão internadas, 61 das quais em unidades de cuidados intensivos hospitalares, havendo 43 doentes que já recuperaram desde que a covid-19 foi confirmada no país, em 02 de março.
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