Em comunicado, a APDMGP explica que o “apoio emocional e físico constante e ininterrupto”, através de uma “figura de referência que a mulher conhece e em quem confia”, é “essencial para que esta se sinta segura” durante o parto.
Esta associação acrescenta que, em 18 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) esclareceu que uma mulher que esteja grávida “deve poder optar por ter ou não um acompanhante da sua escolha presente durante o parto, mesmo tendo um diagnóstico positivo” da doença covid-19.
Por isso, a Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto incentiva a DGS e as autoridades de saúde a “reformularem e clarificarem quaisquer orientações que não sejam baseadas em evidência científica robusta”.
A APDMGP acrescenta que impedir uma mulher de estar acompanhada no momento do parto não tem em consideração as “repercussões negativas” no “estabelecimento do vínculo” entre a mãe e o recém-nascido.
Em 24 de março, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, considerou que os hospitais estão a levar à letra a restrição de visitas por causa da pandemia, impedindo as grávidas de ter acompanhantes na sala de partos.
“Tenho a impressão de que isso será uma medida à letra da restrição de visitas”, disse, quando questionado sobre os impedimentos à presença de acompanhantes durante o parto em hospitais e maternidades.
Por seu turno, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou ser “preciso defender grávidas e bebés” e que “os familiares compreenderão esta medida de algum distanciamento”.
Na opinião do governante deverá manter-se a restrição porque se trata de “um determinado período de tempo, com um limite temporal”, apesar de não se saber ainda qual é esse limite.
Apesar de o secretário de Estado considerar que o impedimento “tem sido muito bem aceite e compreendido”, há cerca de 6.400 pessoas que assinaram uma petição a pedir para que seja levantado.
Seis dias depois, em 30 de março, o diretor do serviço de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, Carlos Veríssimo, declarou que as “grávidas devem seguir os conselhos de higiene e de contenção social recomendados pela DGS e devem manter os cuidados de prevenção, investigação e diagnóstico semelhantes aos da população em geral”.
Carlos Veríssimo reforçou que, no caso das grávidas infetadas pelo SARS-CoV-2, o parto deve ser feito em salas isoladas e deve manter-se “o menor número possível de intervenientes”, acrescentando que “o acompanhamento por terceiros não é de todo recomendado”.
De acordo com os dados avançados pelo médico, há neste momento 60 mil grávidas, prevendo-se sete mil partos por mês, 230 por dia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 905 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 46 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 176.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de quinta-feira.
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