Em declarações à agência Lusa, Paula Leiria Pinto adiantou que foram também realizados testes cutâneos a 10 doentes, todos com resultados negativos, no hospital de São Lázaro, onde está montado um circuito próprio para a vacinação detses doentes.
Em três doentes as vacinas foram dadas em modo fracionado, disse a imunoalergologista, explicando que “houve doentes que a história de reação à primeira dose era duvidosa” e que se optou por fazer administração de “uma dose pequena da vacina e depois do remanescente para concluir a vacinação”.
“Até agora tem corrido tudo bem”, assegurou Paula Leiria Pinto, sublinhando que se instalou um medo da alergia associado a esta vacina que é preciso desmistificar, porque o risco real “é muito diminuto”.
“Apenas um dos doentes referenciado por ter reagido à primeira dose é que reagiu com a segunda dose, tendo tido uma reação ligeira, facilmente controlada”, elucidou.
As pessoas vacinadas resultaram de 700 consultas telefónicas a doentes e de cerca de 300 consultas de apoio a profissionais de saúde dos centros de vacinação, o que demonstra “a dimensão da sobrecarga que estes doentes causam nos serviços de saúde e em particular nos serviços de Alergologia”.
Estes doentes são encaminhados essencialmente pelos centros de saúde ou pelos centros de vacinação, abrangidos pelo CHULC, para serem vacinados em contexto hospitalar porque têm “uma história de alergia a fármacos, mas com algumas particularidades”.
Têm alergias a “múltiplos fármacos” ou reações graves a vacinas e são avaliados para ver qual o procedimento a adotar perante a necessidade de serem vacinados contra o vírus SARS-CoV-2.
“A grande diferença é se há uma história de reação prévia a esta vacina específica ou não, explicou.
Os doentes que não têm histórico prévio de reação normalmente fazem a vacina de forma normal, escolhida de acordo com a sua história, e em princípio não terão reação, porque a alergia à vacina “é muito rara”, conforme indica toda a informação recolhida.
“Doentes que tenham reagido previamente à vacina, esses é que achamos que pode haver algum risco” e são estudados.
Faz-se o teste cutâneo com a vacina em causa, pondo “uma gota na pele” seguida de uma picada superficial da pele, para ver se a pessoa reage ou não.
“Se os testes são negativos, então avançamos para o esquema de vacina e temos duas modalidades dependendo da avaliação do risco realizada: administração fracionada da vacina ou da dose por inteiro”, explicou.
A médica defendeu que é preciso explicar que “ter alergias a medicamentos não é igual a contraindicação para administração da vacina”.
“Tudo o que acontece após a administração da vacina é com frequência atribuído a hipotética alergia, mesmo reações que não têm nenhuma relação com as reações alérgicas”, salientou, exemplificando com queixas vagas de mal-estar, sensação de falta de ar que acabam por passar sem qualquer tratamento, necessitando apenas de uma avaliação cuidada e a tranquilização do doente.
Com efeito, o medo associado à administração de injeções faz com que as pessoas desenvolvam as chamadas reações vagais, que são causadas pelo sistema nervoso vegetativo e que podem aparentar uma reação alérgica.
Temos ainda situações em que “a pessoa respira muito rapidamente e fica com a sensação que tem falta de ar, mas é só ansiedade”, disse, defendendo que é preciso dar formação aos profissionais que estão nos centros de vacinação para saber distinguir estas reações das verdadeiras reações alérgicas.
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