O português João Faneca disse à agência Lusa ter ficado surpreendido quando chegou com a família do Porto ao aeroporto de Luton, em Londres, esta semana e passou sem lhe pedirem para preencher qualquer formulário ou fornecer dados pessoais.
"Estava na fila de espera para o controlo de passaportes e vi toda a gente passar normalmente. Quando chegou a nossa vez, mostrámos os nossos documentos, mas não nos perguntaram de onde vínhamos e não tivemos de preencher nada”, relatou.
A situação aconteceu a outros emigrantes portugueses em pelo menos mais um aeroporto londrino, de Stanstead, adiantaram à Lusa outras fontes.
O conselheiro das Comunidades Portuguesas, António Cunha, disse ter conhecimento de pelo menos mais três pessoas que regressaram de Portugal sem lhes terem pedido qualquer papel ou contacto, criando confusão.
“Não lhes perguntaram nada, não pediram papéis nem contactos, por isso não estão a fazer quarentena”, adiantou.
Atualmente, todas as pessoas que chegam ao Reino Unido de avião, barco ou comboio, incluindo cidadãos britânicos, devem fornecer um endereço onde se vão autoisolar durante 14 dias, podendo ser multados em 100 libras (110 euros) por não preencherem um formulário com esses detalhes.
A partir de hoje, 75 países e territórios, como Itália, Grécia, França e Alemanha estão isentos desta medida, mas Portugal foi excluído da lista devido a um aumento nas últimas semanas do número de casos de infeção com covid-19, sobretudo na área de Lisboa.
Para os passageiros que chegam de Portugal e outros países considerados de risco elevado é obrigatório o preenchimento de um formulário até 48 horas antes de chegar ao Reino Unido, que precisa de ser mostrado à chegada à fronteira, no aeroporto, seja impresso em papel ou no telemóvel.
As autoridades podem contactar por telefone ou visitar o local indicado pelos passageiros onde seria cumprida a quarentena para confirmar se estão a cumprir as regras, sendo as infrações puníveis com uma multa de até mil libras (1.100 euros), mas não há informação de alguma vez ter sido aplicada.
João Faneca disse à Lusa que um compatriota que também não tinha preenchido formulário foi visitado inesperadamente pela polícia em casa para confirmar que estava em isolamento e a Lusa sabe de outros casos de pessoas que tiveram de mostrar o formulário à chegada a Londres.
O Conselheiro das Comunidades, António Cunha, adianta que a questão da quarentena está a confundir muitas pessoas e fez muitos portugueses cancelarem os planos de férias no país de origem.
"A maioria mudou de ideias e fica cá [no Reino Unido], sobretudo aqueles que estavam a pensar ir de avião porque não sabem se têm de ficar de quarentena no regresso. Os que vão de carro mantêm as viagens porque, como vão passar por Espanha, esperam não ter de ficar em isolamento”, adiantou.
Porém, esta opção não é garantida porque as regras estipulam que mesmo aqueles que chegarem de um país da lista dos “corredores de viagem", mas tiverem visitado um país não isento como Portugal, mesmo de passagem, estão sujeitos a quarentena.
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