Portugal regista hoje 1.424 mortes relacionadas com a covid-19, mais 14 do que no domingo, e 32.700 infetados, mais 200, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
Em comparação com os dados de domingo, em que se registavam 1.410 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1%. Já os casos de infeção subiram 0,6%.
Ajuntamentos de adeptos no regresso do campeonato? "Não vamos deitar a perder aquilo que conquistámos com tanto esforço"
A diretora-geral da Saúde foi questionada sobre uma das notícias de destaque do dia na imprensa desportiva em que Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, anuncia que a claque vai acompanhar a deslocação da equipa até Famalicão e que, fora do estádio, vai apoiar os azuis e brancos durante os 90 minutos.
Graça Freitas relembrou que estão proibidos os ajuntamentos nas redondezas dos estádios e relembrou que "foi uma luta e uma conquista começar o campeonato de futebol", que se inicia no próximo dia 4 de junho.
"Reconhecemos todos que era uma atividade importante do ponto de vista económico, do ponto de vista social, do ponto de vista até da nossa vida coletiva, faz parte dos nossos hábitos de lazer, mesmo não indo aos jogos assistir", explicou.
Terminar a época em segurança é o mais importante, salientou a diretora-geral, que sublinhou que é importante garantir que "nem adeptos, nem jogadores, nem equipas técnicas se infetam por causa de jogos de futebol".
"Acho que é muito importante ter-se conseguido a retoma e portanto, o nosso apelo, mais uma vez, é a responsabilidade social. Não vamos deitar a perder aquilo que conquistámos com tanto esforço", disse.
A diretora-geral salientou ainda a importância da modalidade para o tecido social português, "para a nossa diversão, também nos precisamos de divertir, mas também para a economia que é muito importante". "Portanto, de facto, um apelo aos adeptos para que assistam aos jogos e que comemorem, mas com as regras", pediu
Questionada sobre se esta época ainda seria possível os adeptos voltarem a assistir a jogos nos estádios, Graça Freitas assumiu que não tinha uma resposta, assumindo que uma mudança do panorama atual "vai depender muito dessa avaliação rigorosa e da avaliação do risco e de medir os prós e os contras".
"Vamos ter de continuar a avaliar muito bem e a monitorizar a progressão da epidemia. Volto a dizer, o vírus não desapareceu da circulação, ele continua a circular, e em cada momento vai ser feita a avaliação do risco. E, como temos feito nestes últimos meses, adaptam-se sempre as medidas ao risco presente e ao risco que nós projetamos que possa acontecer porque isso também é uma coisa muito importante, já percebemos todos que uma coisa é a infeção hoje, os que já se infetaram não têm infeção à data de hoje, mas já estão a incubá-la, e depois o que vai acontecer nos dias seguintes. Portanto nós precisamos de uma medida para monitorar não só o presente, mas também percebendo o que aconteceu para trás e o que poderá acontecer para a frente", explicou Graça Freitas.
Plano de testagem na região de Lisboa é de sete mil testes diários
A secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, afirmou que a Região de Lisboa e Vale do Tejo merece nesta fase uma “especial atenção” devido ao “número muito significativo de casos” de infeção por SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença covid-19.
Segundo dados da DGS, há mais 200 infetados no país, 193 dos quais na Região de Lisboa e Vale do Tejo.
“Face à evolução dos dados nesta região, e em particular na área metropolitana de Lisboa, o Governo adotou um plano de resposta específico iniciado este fim de semana em articulação com as autoridades de saúde locais, os municípios, proteção civil empresas e Autoridade para as Condições de Trabalho”, lembrou a governante.
Este plano procura, ajustando estratégias, dar resposta a focos de infeção, que foram sinalizados com incidência muito particular no setor da construção civil, das cadeias de abastecimento, transporte e distribuição, caracterizados por “um tipo de trabalho com maior rotatividade”.
“A estratégia é rastrear, testar, sinalizar, quebrar cadeias de infeção e reforçar meios e capacidades em rede e encontrar sempre que necessário condições alternativas de reforço de proteção e segurança”, defendeu Jamila Madeira.
A secretária de Estado Adjunta salientou que está a ser feito “um esforço fundamental” em articulação com todas as atividades no trabalho do terreno com “uma forte intervenção” do INEM, do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA) e de todos os laboratórios que trabalham com as autoridades de saúde desde o primeiro dia e que permitem “uma capacidade instalada de testagem até sete mil testes diários o que significará uma capacidade de até 49 mil testes só nesta primeira semana”.
Questionada sobre se teria sido possível iniciar mais cedo a intervenção para travar o contágio nesta região, Jamila Madeira disse que a intervenção foi feita quando a situação o exigiu.
“Todo o momento será sempre um momento de ansiedade. Se podia ter sido um dia antes ou um dia depois, o que podemos dizer é que o dispositivo estava montado, estava a funcionar e estava com uma capacidade suficiente para aquilo que eram as necessidades sinalizadas e que tinham a ver com o desconfinamento”, sublinhou.
Relativamente ao dispositivo que já estava montando, afirmou que houve um reforço da capacidade instalada no sentido de estar mais direcionado.
Jamila Madeira reiterou o apelo “a todos os portugueses, e em especial aos que vivem nesta Região”, para manterem as medidas de segurança.
“Todos temos de ter consciência desta realidade indiscutível, a batalha não está ganha, continuamos a precisar do empenho de todos os portugueses e isso é particularmente importante sublinhar”, vincou, lembrando que o vírus “ainda não tem cura”, é “dissimulado e atinge todos sem olhar a idade, atividade profissional capacidade económica ou origem”.
“Para esta doença, não há invencíveis, não há intocáveis, não há super-heróis, há apenas transmissores hospedeiros que salvaguardam a subsistência do vírus e a sua propagação em toda a parte”, salientou.
Cinco crianças continuam internadas na Estefânia e uma nos cuidados intensivos
No dia 25 de maio, a Direção-Geral da Saúde indicou que estavam internadas 14 crianças no Hospital Dona Estefânia com covid-19, duas das quais em cuidados intensivos com doenças crónicas graves.
“As notícias são boas. Estiveram 14 internadas, à data estão cinco e apenas uma está em cuidados intensivos”, disse Graça Freitas, na conferência de imprensa, acrescentando que se mantém nos cuidados intensivos uma dessas crianças.
A diretora-geral da Saúde disse também que “houve uma evolução favorável nesta última semana” e metade das crianças com covid-19 seguidas no Hospital Dona Estefânia recuperaram da doença.
Creches não registam situações anómalas desde a reabertura
Duas semanas após a reabertura das creches, Graça Freitas afirmou que não foi reportada qualquer “situação anómala”, ressalvando que “nem todas as crianças” regressaram.
Questionado se os profissionais das creches vão voltar a ser testados, a diretora-geral da Saúde respondeu que “de momento não”.
Graças Freitas disse ainda que, quando estes trabalhadores foram testados, “foi uma oportunidade para se ter uma fotografia num momento único para poderem retomar uma atividade e proteger as crianças que iam cuidar”.
“Aqui a ideia é que ao teste acresce uma responsabilidade acrescida de se proteger”, concluiu.
O Boletim ao detalhe: apenas sete novo casos não ocorreram na região de Lisboa
Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado maior número de surtos, há mais 193 casos de infeção (+1,7%).
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.760, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 11.335, da região Centro, com 3.747, do Algarve (372) e do Alentejo (259).
Os Açores registam 137 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A região Norte continua também a ser a que regista o maior número de mortos (791), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (363), do Centro (239), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de domingo, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 724 vítimas mortais são mulheres e 700 são homens.
Das mortes registadas, 958 tinham mais de 80 anos, 276 tinham entre os 70 e os 79 anos, 126 tinham entre os 60 e 69 anos, 45 entre 50 e 59, 16 entre os 40 e os 49. Há duas mortes registadas entre os 20 e os 29 anos e uma na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 471 doentes estão internados em hospitais, menos três do que no domingo (-0,6%), e estão em Unidades de Cuidados Intensivos os mesmos 64 doentes.
A recuperar em casa estão 11.253 pessoas.
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.409), seguido por Vila Nova de Gaia (1.567), Porto (1.357), Matosinhos (1.280), Braga (1.225) e Gondomar (1.083).
Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 326.278 casos suspeitos, dos quais 1.720 aguardam resultado dos testes.
Há 291.858 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 19.552 (mais 143).
A DGS regista também 27.958 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 18.762 são mulheres e 13.938 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.479), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.387) e das pessoas com idades entre os 30 e 39 anos (4.953).
Há ainda 4.559 doentes acima dos 80 anos, 4.344 entre os 20 e os 29 anos, 3.569 entre os 60 e 69 anos e 2.610 com idades entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 691 casos de crianças até aos nove anos e 1.108 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 372 mil mortos e infetou mais de 6,1 milhões de pessoas em todo o mundo.
Mais de 2,5 milhões de doentes foram considerados curados pelas autoridaes de saúde.
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