"A saúde pública é um investimento e não um custo. Nós vimos como esta crise de saúde afetou toda a sociedade e essa é uma lição que não devemos nunca esquecer", disse a diretora do ECDC, que falava, através de videoconferência no Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, que decorre em Coimbra.
Numa intervenção de cerca de meia hora, apontou para várias lições a reter com a presente pandemia de covid-19, nomeadamente o facto de "nenhum país poder lidar com a crise sozinho".
"Nem sequer uma região. Este é um assunto global e só se todos estiverem preparados é que estão seguros", frisou, recordando que o mundo deveria ter aprendido com as lições da pandemia de gripe A de 2009 e com o surto de ébola.
"Não aprendemos uma única lição. É nossa obrigação aprender alguma coisa e criar algo que seja melhor do que tínhamos antes", asseverou.
Segundo Andrea Ammon, uma das áreas que é preciso melhorar é na elaboração de planos de preparação de pandemias, recordando que em fevereiro de 2020, no contexto europeu, todos os países asseguraram que os planos estavam feitos e que estavam preparados.
"Olhando para trás percebemos que isso não foi o caso em todo o lado, aliás foi até raro. Descobrimos que a forma como os planos de preparação tinham sido montados não captavam todas as necessidades que depois se tornaram visíveis", constatou, apontando, por exemplo, para a falta de camas, equipamentos, profissionais de saúde e medicamentos no início da pandemia na Europa.
Para a diretora do ECDC, é necessário também que os planos estejam pensados a nível local, que será a frente de combate em qualquer crise.
"Muitos dos planos estavam bem desenvolvidos para o nível nacional, mas nem sempre foi o caso no nível local", observou.
Outra área que, a seu ver, tem de ser melhorada é "o engajamento das comunidades", que fica evidente com a questão de a maioria das pessoas estarem cansadas das medidas e de não compreenderem o porquê de "não poderem ver quem querem nem de poderem fazer o que querem".
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