“A reabertura da escola faz aumentar os contactos sociais e consequentemente faz aumentar o risco de contágio. Garantindo a continuidade das aprendizagens, precisamos de encontrar uma forma de dar confiança à comunidade escolar. A identificação de eventuais casos positivos é uma medida de prevenção que deve ser aplicada de forma generalizada”, disse à Lusa o vereador Manuel Grilo (BE, partido que tem um acordo de governação da cidade com o PS).
Defendendo que isto poderia ser feito ”com os mais recentes testes rápidos que já têm vindo a ser implementados na Bélgica, em Espanha e Itália”, Manuel Grilo adiantou que irá apresentar na reunião do executivo camarário que se realiza hoje à tarde uma proposta para “a realização de ‘testes rápidos’ a alunos, professores e funcionários”.
Contudo, ressalvou, na “implementação desta medida, caso avance, terá de ser realizado um trabalho de equipa”, em articulação com Infarmed, que deve indicar o teste rápido mais apropriado a utilizar na comunidade escolar, e a Direção-Geral da Saúde, para garantir a correta aplicação do processo de testagem.
Na proposta, a que a Lusa teve acesso, é referido que “a identificação precoce de casos positivos pré-sintomáticos é uma medida de prevenção que permite agir sobre eventuais cadeias de transmissão antes que elas se transformem em surtos, dentro e fora das escolas”.
Por outro lado, é acrescentado, uma parte significativa dos profissionais em funções nas escolas da cidade pertence a grupos de risco e a ausência de sintomas em grande parte da população jovem faz com que as potenciais infeções por covid-19 passem despercebidas e se tornem potenciais fatores de contágio, visto que o critério de testagem definido está associado ao aparecimento de sintomas.
No documento é também recordado que dois tipos de testes rápidos foram já submetidos para validação Infarmed, sendo que num deles a sensibilidade — deteção de um antigénio de uma pessoa infetada — é de 96,52% e a especificidade — deteção do antigénio específico do SARS-CoV-2 — de 99,68%.
“Noutro, de 93,3% e 99,4%, respetivamente, em pessoas com suspeitas de exposição ao vírus ou sintomas nos últimos sete dias. A elevada sensibilidade resulta num reduzido número de falsos negativos e poucos falsos positivos, garantido assim a necessária fiabilidade de testagem”, lê-se na proposta.
Apesar do principal destino destes testes rápidos serem as unidades de saúde, “o seu uso é recomendado para escolares e lares, entre outros equipamentos, com a vantagem de ter um custo significativamente mais reduzido aos testes até agora utilizados”, é salientado.
“A reabertura das escolas faz aumentar os contactos sociais e físicos devido à mobilidade subjacente ao retorno ao trabalho por parte de muitas famílias, ao transporte para a escola e o retomar de muitas relações sociais interrompidas, fator que potencia a disseminação do vírus na comunidade”, lê-se na proposta.
Por isso, é acrescentado, é necessário encontrar “um equilíbrio entre a consciência deste risco real e a confiança da comunidade escolar no regresso às aulas presenciais, para que elas decorram na maior normalidade possível, durante o maior tempo que for possível”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.963 pessoas dos 74.717 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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